O texto tentará expor algumas reflexões sobre as maneiras pelas quais as pessoas negociam diferentes lógicas, línguas e sentidos do mundo nos encontros cotidianos escolares na diferença. Essas reflexões, surgidas no processo de discussão da pesquisa empreendida pela autora para o Mestrado em Educação da UFF – Das diferenças e outros demônios: o realismo mágico da alteridade na educação –, questionam fundamentalmente as posturas pedagógicas, políticas e epistemológicas que reservam um lugar consagrado de poder-saber a uma única lógica da mesmidade que “hospeda hostilmente” (Derrida, 1997) os chamados outros. Essa hospitalidade hostil, que tem lugar em múltiplos e diferentes espaços-tempos escolares, aparece como marca de políticas de tolerância, mas não de afirmação e reconhecimento das múltiplas e irredutíveis maneiras de pensar e viver o mundo. Aparece, muitas vezes, travestida com a fantasia multicolorida da inclusão escolar.
This paper aims to analyze some narratives and questions concerning the ways people negotiate different languages, perceptions, and logical perspectives about the world during daily life at schools. These different interpretations about what is actually happening every day in the narrative format seriously question some pedagogical, political and epistemological standpoints which reserve a special place for the logics of seeing human beings as “equals” and which does not give space (or does it in a hostile way) to the “others” (who are not able to fit in the standard model). This hostile hospitality takes place in numerous space/temporal situations at school and is clearly seen as a quote of tolerance but does not consider differences as part of reality that needs to be understood and accepted as different ways of thinking, believing, living or creating the world. Tolerance appears, many times, “colourfully dressed” as “Scholar Inclusion”.