O fracasso escolar tem sido uma realidade nas escolas brasileiras e causa sérias preocupações a especialistas de diversas áreas. É crescente o número de alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem. Nesse grupo encontram-se aqueles com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), condição que se caracteriza por déficits em funções cognitivas, cruciais para a aprendizagem. Apresentamos, aqui, um breve apanhado sobre as habilidades de leitura, de escrita e de matemática no TDAH. Em relação à leitura de palavras isoladas, pesquisas identificam um déficit no controle inibitório, sendo necessário ampliar a investigação da consciência fonológica. Sobre a escrita, como na leitura, parece que o prejuízo se deve à presença de déficits diretamente ligados aos sintomas do TDAH ou ao domínio afetado, mais do que uma dificuldade com o reconhecimento e/ou produção de palavras. Quanto à matemática, as crianças com TDAH usam estratégias de cálculo imaturas e mostram não terem automatizado os processos cognitivos ligados à representação mental de cálculos matemáticos. Identificou-se, ainda, a situação desvantajosa do grupo TDAH+dislexia, que parece imperceptível para os educadores e profissionais da saúde. Concluímos que o conhecimento precário sobre o TDAH e comorbidades por parte dos profissionais que lidam com essa condição, associado à ausência de políticas públicas educacionais apoiadas nos avanços da neurociência sobre o envolvimento dos processos cognitivos no ensino/aprendizagem, as práticas pedagógicas desenvolvidas no Brasil, em sua grande maioria, perpetuarão o ciclo de fracasso que há décadas se instalou no país, especialmente para as crianças com TDAH.