TEM DENDÊ NA BASE? VIDAS NEGRAS E O CURRÍCULO BAHIA

Série-Estudos

Endereço:
Avenida Tamandaré, n. 6000 - Bairro Jardim Seminário
Campo Grande / MS
79117-900
Site: https://www.serie-estudos.ucdb.br/serie-estudos
Telefone: (67) 3312-3598
ISSN: 2318-1982
Editor Chefe: José Licínio Backes
Início Publicação: 12/06/1994
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Humanas

TEM DENDÊ NA BASE? VIDAS NEGRAS E O CURRÍCULO BAHIA

Ano: 2020 | Volume: 25 | Número: 55
Autores: Iris Verena Oliveira
Autor Correspondente: Iris Verena Oliveira | [email protected]

Palavras-chave: currículo; BNCC; educação antirracista.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Neste texto, trato do Currículo Bahia, referencial curricular que se propõe a assegurar os direitos de aprendizagem dos estudantes nas escolas baianas. O documento baseia-se nas orientações normativas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a partir das peculiaridades do Estado, operando pela significação de currículo como conhecimento, com base em Macedo (2017; 2019). Aponto a impossibilidade de cumprimento das promessas da BNCC quanto à garantia de qualidade na educação e foco no tratamento dado pelo Currículo Bahia às questões étnicoraciais, especialmente no que tange à valorização da diversidade, promoção da inclusão e ações educativas voltadas ao combate ao racismo. Enfatizo a falência dos compromissos assumidos diante do papel precípuo da instituição escolar na perpetuação da norma racial, ao mesmo tempo que reconheço brechas para os deslocamentos dela, a partir de atravessamentos do imprevisível na prática educativa, alicerçada em Silva (2006). O Currículo Bahia assume uma promessa de equidade e ambiciona projetos de vida para os jovens que transitam do Ensino Fundamental para o Ensino Médio. Enquanto isso, os altos índices de assassinatos de jovens negros indicam que os estudantes, assim como as personagens de Conceição Evaristo (2016), estão combinando de não morrer. Diante disso, é do cotidiano de uma escola rural de Conceição do Coité, no Território do Sisal, que irrompe o grito de professoras perante o genocídio da juventude negra. Além de apontar para a impossibilidade do controle pretendido nos documentos curriculares, defendo uma ação educativa lastreada no azeite de dendê, para clamar com o nosso Xangô vivo, Gilberto Gil, por práticas curriculares localizadas, racializadas e politicamente posicionadas.



Resumo Inglês:

In this text, I discuss about the Bahia Curriculum, a curricular framework that aims to ensure students’ learning rights in schools in Bahia, Brazil. The document is based on the normative guidelines of the National Common Curricular Base (BNCC), from the peculiarities of the State, operating by the meaning of curriculum as knowledge based on Macedo (2017; 2019). I point out the impossibility of fulfilling BNCC’s promises regarding quality assurance in education and focus on the treatment given by the Bahia Curriculum to ethnic-racial issues, especially with regard to valuing diversity, promoting inclusion, and educational actions aimed at combating racism. I emphasize the failure of the commitments assumed in view of the school institution’s primary role in the perpetuation of the racial norm, at the same time that I recognize loopholes for its displacements, from the crossing of the unpredictable in educational practice based on Silva (2006). The Bahia Curriculum assumes a promise of equity and ambitions for life projects for young people who move from Elementary School to High School. Meanwhile, the high rates of murder of young blacks indicate that students, as well as the characters of Conceição Evaristo (2016), are agreeing not to die. Given that, it is from the daily life of a rural school in Conceição do Coité, in the Sisal Territory, that erupts the cry of teachers facing the genocide of the black youth. In addition to pointing out the impossibility of the control intended in the curricular documents, I defend an educational action based on palm oil (azeite de dendê), to claim with our living Xangô, Gilberto Gil, for localized, racialized, and politically positioned curricular practices.



Resumo Espanhol:

En este texto, trato del Currículo Bahía, marco curricular que se propone a garantizar los derechos de aprendizaje de los estudiantes en las escuelas de Bahía, Brasil. El documento se basa en las orientaciones normativas de la Base Nacional Común Curricular (BNCC), a partir de las peculiaridades del Estado, operando según el significado de currículo como conocimiento basada en Macedo (2017, 2019). Destaco la imposibilidad de cumplimiento de las promesas de la BNCC con respecto a la garantía de calidad en la educación y me concentro en el tratamiento dado por el Currículo Bahía a las cuestiones étnico-raciales, especialmente en lo que respecta a la valorización de la diversidad, promoción de la inclusión y acciones educativas dirigidas al combate del racismo. Enfatizo el fracaso de los compromisos asumidos frente al papel principal de la institución escolar en la perpetuación de la norma racial, al mismo tiempo en que reconozco las lagunas para sus desplazamientos, a partir de cruces de lo imprevisible en la práctica educativa basada en Silva (2006). El Currículo Bahía asume una promesa de equidad y ambiciona proyectos de vida para los jóvenes que transitan de la Enseñanza Básica Secundaria a la Enseñanza Media. Mientras tanto, los altos índices de asesinatos de jóvenes negros indican que los estudiantes, así como los personajes de Conceição Evaristo (2016), están de acuerdo en no morir. Dado esto, es cotidiano de una escuela rural de Conceição do Coité, en el territorio del Sisal, que estalla el grito de los docentes frente al genocidio de la juventud negra. Además de señalar la imposibilidad del control pretendido en los documentos curriculares, defiendo una acción educativa basada en el aceite de palma (azeite de dendê), para reclamar con nuestro Xangô vivo, Gilberto Gil, prácticas curriculares localizadas, racializadas y políticamente posicionadas.