A tradução brasileira do “Tratado de Direito Penal Allemão”, de Franz Von Liszt (1899): história de uma tradução cultural entre Brasil e Alemanha

Revista Brasileira de Ciências Criminais

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ISSN: 14155400
Editor Chefe: Dr. André Nicolitt
Início Publicação: 30/11/1992
Periodicidade: Mensal
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Ciências Sociais Aplicadas, Área de Estudo: Direito, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

A tradução brasileira do “Tratado de Direito Penal Allemão”, de Franz Von Liszt (1899): história de uma tradução cultural entre Brasil e Alemanha

Ano: 2020 | Volume: Especial | Número: Especial
Autores: Ricardo Sontag, Nathália Nogueira Espíndola de Sena
Autor Correspondente: Ricardo Sontag | [email protected]

Palavras-chave: História do direito penal – Franz von Liszt – José Hygino – Tradução cultural – Intelectual mediador.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A versão brasileira do “Lehrbuch” de Franz von Liszt, publicada em 1899, foi a primeira tradução desse livro (traduções para outras línguas datam de mais de uma década mais tarde), todavia, ela ainda não foi analisada pela historiografia jurídica. O nosso objetivo é compreender esse livro como um bem cultural dentro de um processo de tradução cultural em um contexto jurídico legalista e codificado do século XIX. Para entender a operação do tradutor (José Hygino), o artigo propõe um ajuste do conceito de intelectual mediador como ferramenta historiográfica. A mediação é analisada, sobretudo, por meio do prefácio e das notas do tradutor, mapeando as comparações de Hygino da legislação brasileira e alemã; analisando os diálogos de Hygino com juristas estrangeiros. Considerando a relevância das diferenças culturais dentro de uma ação discursiva como principal característica de um mediador intelectual, é possível distinguir no livro de Hygino as operações de mediação e as de simples participação em um espaço intelectual comum. Como um processo de tradução cultural, a tradução de Hygino é uma importante peça das transformações da literatura jurídico-penal brasileira da época, especialmente na expansão dos gêneros literários da literatura criminal brasileira e como um deslocamento nos seus diálogos internacionais.



Resumo Inglês:

The Brazilian version of Franz von Liszt’s “Lehrbuch” published in 1899 was the first translation of this book (other ones were made only more than a decade later). Nevertheless, it was not analysed yet by the legal historiography. Our aim is to comprehend this book as a cultural good within a process of cultural translation that deals with the legalistic and codified legal context of the nineteenth century. In order to understand the translator’s (José Hygino) operation, the article proposes an adjustment of the intellectual mediator concept as a historiographical tool. The mediation is analysed mostly through the translator’s preface and notes by mapping Hygino’s comparisons between Brazilian and German legislation; and by analysing Hygino’s dialogues with foreign scholars. Considering the relevance of cultural differences within a discursive action as the main feature of an intellectual mediator, it is possible to distinguish within Hygino’s book cultural mediation operations and simply participation within a common intellectual space. As a cultural translation process, Hygino’s translation is an important piece of the transformations of Brazilian criminal literature of that epoch, especially as an expansion of the literary genres of  Brazilian criminal literature and as a shift of its international dialogues.