Na elaboração da direção português-francês do Dicionário de expressões idiomáticas (Xatara & Oliveira, no prelo), deparamo-nos com muitos problemas teóricos e práticos concernentes à tradução dos idiomatismos em um dicionário especial. É preciso esclarecer desde já que, por um lado, um dicionário, qualquer que seja, não deve ser considerado o árbitro de uma língua, aquele que estabelece qual a resposta exata para uma dúvida ou qual a significação correta para uma determinada palavra. Um dicionário nunca vai exaurir o tema com o qual se propôs trabalhar, pois, além de a língua estar em movimento constante (surgem novas palavras, outras caem em desuso), os significados não são estáveis nem fixos. Por outro lado, convém esclarecer que o uso de uma expressão idiomática (EI) pelo falante de uma língua é muito comum e é impossível se definir ao certo se a equivalente em língua estrangeira é idêntica à usada em nossa língua, tanto no que se refere ao significado, quanto à precisão da freqüência e do nível de linguagem. Paradoxalmente, entretanto, é possível se estabelecer uma correspondência idiomática interlínguas e dicionarizá-la.