Neste trabalho, reflito sobre o discurso de Haroldo de Campos sobre a tradução para questionar os críticos que analisam a teoria de tradução do autor como derivada das teorias pós-moderna e póscolonial, tendo como ponto comum com outros desdobramentos da teoria de tradução a rejeição à hierarquia de poder que privilegia o texto original e relega o tradutor à condição de invisibilidade. Em primeiro lugar, parto da definição, de Norman Fairclough, de discurso como “prática de significação de um domínio do conhecimento ou experiência a partir de uma perspectiva particular”1 para denominar os ensaios, prefácios e pósfacios de Haroldo de Campos sobre seu projeto e prática tradutórios de discurso sobre a tradução. Além disso, como vou denominar a teoria de tradução transcultural do autor de “monstruosa”, é preciso definir duas noções: a noção de monstro e da monstruosidade como construção discursiva, representando determinados valores culturais.