TRAMAS DA TESSITURA CURRICULAR: o curso experimental de medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Revista Espaço do Currículo

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ISSN: 1983-1579
Editor Chefe: Maria Zuleide Pereira da Costa
Início Publicação: 29/02/2008
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Educação

TRAMAS DA TESSITURA CURRICULAR: o curso experimental de medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Ano: 2017 | Volume: 10 | Número: 1
Autores: Patricia TeixeiraTavano
Autor Correspondente: Patricia TeixeiraTavano | [email protected]

Palavras-chave: Currículo como constructo sócio-histórico. Currículo do ensino superior. Currículomédico. Educação em saúde. Curso Experimental de Medicina. Faculdade de Medicina da USP.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Em1968,a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) iniciou uma experiência educacional oferecendoum segundo curso médico, o Curso Experimental de Medicina (CEM),que coexistirá com oCurso Tradicional de Medicina(CTM). Através de fontes documentais escritas e orais e tendo como objetivo compreender as articulações e seleções que se entretecem na proposição, execução e extinção do projeto Curso Experimental de Medicina, esta tese iniciou-se a recuperação da construção sócio-histórica do CEM, Cursoeste pouco discutido. OCEMemergiu da associação defatores que pressionavam a FMUSP apromovermudanças em seu ensino, e tevecomopropositoresum grupo queconstruiu um território de contestação à naturalização dos preceitos tradicionais formadores de médicos. A proposta do Curso era aintegração de conteúdos a partir de temas e não apenas em disciplinas consolidadas, visando formar médicos com forte base generalista ecomunitária, que permitisse a atuação destes nocampo de clínica médica geral, mas também fosse base suficiente para a escolha de uma especialidade.As situações de aprendizado se davamatravés de inserção doaluno nos esquemas produtores de conhecimento junto aos laboratórios de ensino eaos serviços de atendimento médico, propondo ao aluno opapel central na sua formação, imputando-lhe a necessidade da construção coletiva de seus conhecimentos, e trazendo o professor à posição de tutelaria, de orientadordo processo de aprendizagem e não transmissor de conteúdos.O aluno era colocado mais precocemente em contato com o cotidiano do atendimento médico, introduzindo concretamente a atenção primária como um dos focos de atendimento do médico formado na FMUSP.Para isso, o CEM introduziu uma diversidade de cenários de prática, como os centros de saúde e hospitais gerais, e a dimensão do paciente em pé, quecomunga com a proposição de indivíduo biopsicossocial defendido pelo CEM, além de aproximar os médicos deoutros profissionais da saúde.Com apenas oito turmas graduadas, o Curso sofre resistências constantes na FMUSP, com precarização do espaço de oferecimento, perda de sustentação política, e deturpação e hibridização da proposta original, entre outras,que levam ao seu esfacelamento, culminando na fusão dos cursos coexistentesem um curso que guarda pouco do Experimental. OCEM apresenta-se como um resgate da tradição fundante da Faculdade, pois este recupera a dimensão de experimento, de inovar o ensino, rompendo, contudo, com a tradição cirúrgica da FMUSP. Ao impor o protagonismo aos alunos e professores, os conhecimentos são reagrupados, alterando os territórios disciplinares convencionais, levando a disputas territoriais que não se concentram nos grandes espaços das disciplinas, mas que acabam por permear toda a estrutura,postoas disciplinas estaremdispersas.O que permanece do CEMno currículo da Faculdade se vêna manutençãoda formação em atenção primária e do bloco de Moléstias Infecciosas, além das infraestruturas do Centro Saúde-Escolae do Hospital Universitário e da memória de seus protagonistas remanescentes.



Resumo Inglês:

In 1968, the Faculty of Medicine of the University of São Paulo (FMUSP) began to offer an educational experience on a second medical course, known asExperimental Medical Course(CEM), which would coexist with the Traditional MedicalCourse (CTM). We aimed to understand the articulations and selections that are intertwined in the proposition, execution and extinction of the CEM’s Project, using written and oral documentary sources.This paper began the recovery of the socio-historical construction of CEM, a less known course comparedto CTM.The CEM emerged from the association of factors that put FMUSP under the stress to promote changes in its teaching, and is proposed by a group that built a challenging space to the naturalization of traditional medical training precepts. The purpose of the course was to integrate contents based on themes and not only in consolidated disciplines, aiming to train physicians with a strong generalist and community-centered base, which would allow them to act in the field of general medical practice, but also be sufficient basis for the choice of a specialty. The learning situations were achieved by inserting the student in the knowledge-producing schemes with the teaching laboratories and the medical services, proposing to the student the central role in their training, imputing him the necessity of the collective construction of his knowledge, and bringing the teacher to the position of tutelary, guiding the learning process and not a mere content transmitter. The student was placed early in contact with the daily medical care, introducing the primary care as one of the focuses of care of the doctor trained at FMUSP. To that end, CEM introduced a variety of practice scenarios, such as health centers and general hospitals, and the standing patient dimension, which shares the proposition of a biopsychosocial individual defended by CEM, in addition to approaching physicians from other professionals of health. With only eight graduated classes, the course suffers from constant resistance in FMUSP, the precariousness of the space offered, loss of political support, and misrepresentation and hybridization of the original proposal, among others, leading to its collapse, culminating in the merger of coexisting courses in a course that resembles little from original CEM. The CEM presents itself as a rescue of the founding tradition of the Faculty, since it recovers the dimension of experiment, and innovating the teaching, breaking, however, with the surgical tradition of FMUSP. By imposing protagonism on students and teachers, knowledge is reassembled, changing the conventional disciplinary territories, leading to territorial disputes that do not focus on the large spaces of the disciplines, but that eventually permeate the whole structure, once the disciplines are dispersed. What remains from CEM in the curriculum of the Faculty is seen in the maintenance of primary care and the group of Infectious Diseases, in addition to the infrastructures of the Health-School Center and the University Hospital and the memory of its remaining protagonists.



Resumo Espanhol:

En 1968, la Facultad de Medicina de la Universidad de São Paulo (FMUSP) comenzó una experiencia educativa ofreciendo un segundo curso médico, el Curso de Medicina Experimental (CEM), que coexistirá con el Curso de Medicina Tradicional (CTM). A través de fuentes documentales escritas y orales y con el objetivo de comprender las articulaciones y selecciones que se entrelazan en la propuesta, ejecución y extinción del proyecto del Curso de Medicina Experimental, esta tesis comenzó la recuperación de la construcción sociohistórica del CEM, este curso poco discutido . La OMS surgió de la asociación de defensores que presionaron al FMUSP para promover cambios en su enseñanza, y hubo un grupo que construyó un territorio que desafió la naturalización de los preceptos tradicionales que capacitan a los médicos. La propuesta del curso fue la integración de contenido basado en temas y no solo en disciplinas consolidadas, con el objetivo de capacitar a médicos con una fuerte base generalista y comunitaria, lo que permitiría el desempeño de estos en el campo de la práctica médica general, pero también sería una base suficiente para elegir una especialidad. Las situaciones de aprendizaje tuvieron lugar a través de la inserción del estudiante en los esquemas de producción de conocimiento en los laboratorios de enseñanza y en los servicios de atención médica, proponiéndole al estudiante el papel central en su capacitación, lo que le implica la necesidad de la construcción colectiva de su conocimiento, y aportando el profesor a la posición de tutelaje, de guiar el proceso de aprendizaje y no transmitir el contenido. El estudiante fue puesto antes en contacto con la rutina diaria de la atención médica, introduciendo concretamente la atención primaria como uno de los puntos de enfoque del médico capacitado n FMUSP. Para esto, CEM introdujo una variedad de escenarios de práctica, tales como centros de salud y hospitales generales, y la dimensión del paciente de pie, que coincide con la propuesta de un individuo biopsicosocial defendido por CEM, además de reunir a médicos y otros profesionales de la salud. Con solo ocho clases graduadas, el curso se resiste constantemente en FMUSP, con la precariedad del espacio de oferta, la pérdida de apoyo político y la distorsión e hibridación de la propuesta original, entre otras, que conducen a su desmoronamiento, que culmina en la fusión de los cursos coexistentes sin un curso que retiene poco de lo experimental. OCEM se presenta como un rescate de la tradición fundadora de la Facultad, ya que recupera la dimensión del experimento, de la enseñanza innovadora, rompiendo, sin embargo, con la tradición quirúrgica de FMUSP. Al imponer el protagonismo a los estudiantes y profesores, el conocimiento se reagrupa, cambiando los territorios disciplinarios convencionales, lo que lleva a disputas territoriales que no se concentran en los grandes espacios de las disciplinas, pero que terminan impregnando toda la estructura, ya que las disciplinas se dispersan. del CEM en el currículo de la Facultad se ve en el mantenimiento de la formación en atención primaria y el bloque de Enfermedades Infecciosas, además de las infraestructuras del Centro Saúde-Escola y el Hospital Universitario y la memoria de sus restantes protagonistas.