O artigo que se segue consiste em investigações oriundas de leituras e discussões empreendidas pelas autoras acerca do contexto das práticas escolares. A proposta consiste em levantar alguns pressupostos da Modernidade, contrapondo-a à Pós-modernidade, entendida esta última como problematizações à primeira, a partir do que se costuma entender como “virada linguística”. Teceremos algumas considerações a respeito dos sujeitos educacionais – professor e aluno -, problematizando-os à luz do paradigma dos estudos pós-críticos, ou pós-modernos, para o qual os sujeitos são entendidos como efeitos dos discursos e a linguagem como central na constituição dos objetos e sujeitos educacionais. Nesse âmbito, torna-se relevante pensar as práticas educacionais como práticas discursivas, verdadeiras “ordens de discurso” que regem os sujeitos e suas ações. A par desses conceitos, lançamo-nos a analisar cenas de sala de aula de alfabetização, de modo a apontar os mecanismos de construção de regimes de saberes e de poderes que perpassam as relações neste contexto. Nestas cenas, professores e alunos encontram-se inseridos em verdadeiros “rituais” que estabelecem o que, como e em que momento se pode dizer e não se pode dizer. O ensino consiste em um jogo discursivo e quem não souber as regras ou quiser “burlar” tais regras estará consequentemente fora. Esperamos que as discussões empreendidas, neste artigo, possam, em última instância, torcer e retorcer a trama discursiva da educação, puxando os fios, alargando os nós, de modo a (nos) vermos, com um outro olhar, os sujeitos da educação.
The following article consists of investigations derived from readings and discussions undertaken by the authors about the context of school practices. The proposal consists of raising some assumptions of modernity, contrasting it to post-modernity, the latter understood as problematizations concerning the first, within the point of view of "linguistic turn." We will consider some issues about the educational subjects - teacher and pupil - questioning them in the light of the post-critical or post-modern paradigm, for which the subjects are understood as effects of discourses and the language is seen as central to the constitution of objects and subjects of education. In this context, it becomes relevant to consider educational practices as discursive practices, real "orders of discourse" governing the subjects and their actions. Taking these concepts into account, we headed to examine scenes of classroom literacy in order to spot mechanisms of building systems of knowledge and power that pervade relations in this context. In these scenes, teachers and students are placed in real "rituals" that establish what, how and when they can or cannot say something. Teaching consists of a discourse game and the ones who do not know the rules or want to "cheat" these rules will be out of the game. We hope that the discussions undertaken in this article may, ultimately, twist and retwist the discursive educational net, pulling threads, extending the nodes, so that we can see the subjects of education with different eyes.