A literatura juvenil é recorrentemente apontada como gênero ligado à ideia de formação do jovem e marcado por incursões ao universo do maravilhoso e da utopia. Tais caracterÃsticas são indiscutÃveis, entretanto, enquanto arte, este gênero pode se abrir a outras formas de representação e de proposição estética que permitam distintas maneiras de recriação da realidade. Pautando-se neste argumento, objetiva-se, nesse estudo, analisar a obra Jogos Vorazes, de Suzanne Collins, na perspectiva do novo verismo e da distopia. Essas categorias se entrelaçam ao longo da trilogia, formando a base sobre a qual se desenrola a trama, que apresenta uma complexa realidade projetada no futuro, mas que, ao mesmo tempo, traz ressonâncias do passado. A análise aqui pretendida busca observar como a obra trabalha alguns elementos da distopia e como projeta um diálogo, por vezes minucioso, com aspectos da história antiga e com as relações sociais e culturais vigentes.