Por uma literatura menor: produção literária para a infância

Reflexão e Ação

Endereço:
Avenida Independência, 2293 - Bloco 10, Sala 1020A - Universitário
Santa Cruz do Sul / RS
96815-900
Site: http://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/index
Telefone: (51) 3717-7543
ISSN: 1982-9949
Editor Chefe: Cheron Zanini Moretti
Início Publicação: 31/10/1990
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Educação

Por uma literatura menor: produção literária para a infância

Ano: 2008 | Volume: 16 | Número: 2
Autores: B. Hillesheim
Autor Correspondente: B. Hillesheim | [email protected]

Palavras-chave: infância, educação, literatura infantil

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A literatura infantil tem sido relacionada a uma condição de menoridade, isto é, a uma produção literária de qualidade inferior, a qual se esgota em um projeto utilitário, pedagógico. O qualificativo infantil associa-se a um leitor previsto – a criança –, sendo que este gênero literário guarda um estreito vínculo com determinadas concepções de infância que consideram a criança como um ser em desenvolvimento, o qual necessita ser preparado para assumir seu futuro lugar na sociedade. A literatura infantil absorve, assim, a menoridade de seu destinatário. Este trabalho visa discutir a noção de literatura menor a partir das contribuições de Deleuze e Guattari, isto é, não como uma literatura que tenha um valor diminuído, mas como uma língua de uma minoria diante de uma língua maior, traçando linhas de fuga para a linguagem e possibilitando a invenção de novas forças. Pensar o menor como proposto aqui, portanto, significa compreendê-lo como aquele que está abaixo da palavra de ordem, localizando-se fora das imagens impostas pela maioria e desafiando a formação de um só dogma, de uma verdade. A literatura infantil torna-se, assim, um exercício de alteridade, uma literatura que faz a língua vibrar, conduzindo-a a uma terra na qual habita uma minoria, preservando o novo e renovando formas de viver e pensar o mundo.



Resumo Inglês:

The infantile literature has been related to a minor condition, that is, to a literary production of inferior quality, which is finished in a utilitarian, pedagogic project. The adjective infantile is associated to a foreseen reader - the child -, and this literary gender holds a strait bond with certain conceptions of childhood that consider the child as a being in development, who needs to be prepared to assume his/her future place in the society. The infantile literature absorbs, in this way, the minor condition of its addressee. The present work seeks to discuss the notion of minor literature starting from Deleuze and Guattari‟s contributions, that is, not as a literature that has a reduced value anymore, but as a language of a minority facing a larger language, drawing escape lines for the language and making possible the invention of new forces. Thinking on the child in the way it is proposed here, therefore, means to understand him/her as the one who is below the word of order, being out of the images imposed by the majority, and challenging the formation of only one dogma, one truth. The infantile literature becomes, in this way, an alternity exercise, a literature that makes the language to vibrate, leading it to a land where inhabits a minority, preserving the new and renewing ways to live and think the world.