Este artigo tem por objetivo analisar as concepções sobre as relações entre escola e diferenças veiculadas pelo Movimento Escola Sem Partido. Para isso, examinamos o conteúdo de dois dos PLs que restringem a autonomia docente em sala de aula: o PL 1411/2015 e o PL 867/2015; uma fala do coordenador do Movimento Escola Sem Partido, Miguel Nagib, na audiência pública do PL 7.180; e três textos contidos no Blog De olho no livro Didático de Orley José da Silva, listado na página inicial do site do Movimento Escola Sem Partido. Entendemos que o tema das diferenças e identidades culturais é objeto privilegiado de elaborações dentro do movimento e que isso é feito em diálogo com a produção acadêmica sobre o tema. Esse diálogo, no entanto, acontece de maneira enviesada e em direta contradição com a produção científica sobre o assunto. Ao questionarmos o lugar da diferença na escola a partir de uma perspectiva conceitual que dá centralidade à dimensão cultural dos currículos, percebemos o Escola Sem Partido como um discurso que busca ser uma política cultural com forte impacto sobre as práticas curriculares.
This article aims to analyze the views of the Party-Free School Movement about the relations between school and differences. In order to do so we examined the content of two bills that restrict teacher autonomy in the classroom, bill 1411 and bill 867/2015; one speech by the Party-Free School movement coordinator, Miguel Nagib, in an public hearing about bill 7.180; and three texts in the Blog De Olho no Livro Didático by Orley José da Silva, listed in the Party-Free School Movement home page. We understand that the theme of differences and cultural identities is a privileged elaboration object inside the movement and that such elaboration is done in dialogue with academic production about it. This dialogue, however, happnes in a skewed way and in direct contradiction with the scientific production about the subject. By questioning the place of difference in the school from a conceptual perspective which gives centrality to the cultural dimension of curriculum, we perceive the Party-Free School as a discourse which seeks to be a cultural policy with strong impact over curricular practices.