O contexto e o processo revelam os obstáculos que têm condicionado o desenvolvimento da Universidade Agostinho Neto (UAN), como espaço autónomo de investigação e produção do conhecimento ao nível dos cursos de doutoramento nas Unidades Orgânicas (UOs), designamente, as Faculdades de Ciências Sociais, de Direito e Economia. Estes obstáculos são tão generalizados ao ponto estarem associados à natureza do regime político que vigorou em Angola, logo a seguir a Independência de Portugal em 1975. É de notar que as transições políticas têm, na verdade, assumido ritmos e características distintas, por exemplo, a passagem do monopartidarismo à democracia pluralista semi-liberal, do centralismo burocrático administrativo e económico à um modelo de economia de mercado no início da dêcada 1990s. Porém, o reacender do conflito violento ofuscou o fervor pela mudança estrutural com impactos reais no exercício das liberdades cívicas e académicas, e bem como na promoção do estado de direito regido pelo primado da lei. Ao contrário, a autoridade originada das reformas constitucionais que se seguiram ao fim da guerra civil tornou-se absoluta no exercício do poder e estruturalmente personalizante quanto ao modo da administração da res publica. Este artigo argumenta que a UAN – apesar dos esforços de reforma da actual administração – ainda é uma caixa de ressonância dos paradoxos do regime que propecia a fraca investigação científica, a megacefalia pedagógica. Dando-se mais relevo a um tipo de ensino que resulta em baixos índices produção como os constatados nos doutorandos nas UOs analizadas.
The context and process reveal the obstacles that have conditioned the development of Agostinho Neto University (ANU), as an autonomous space for research and knowledge production at the level of doctoral courses in Organic Units (OUs), namely the Faculties of Social Sciences (FSS), Law (ANULS) and Economics (FEC). These obstacles are so widespread that they are associated with the nature of the political regime that prevailed in Angola shortly after Independence from Portugal in 1975. It should be noted that political transitions have in fact taken on different rhythms and characteristics, for example, the shift from monopartisanship to semi-liberal pluralist democracy, from bureaucratic administrative and economic centralism to a market economy model in the early 1990s. But the rekindling of violent conflict overshadowed the fervor for structural change with real impacts on the exercise of civil and academic freedoms, and the promotion of the rule of law. On the contrary, the authority originating from the constitutional reforms following the end of the civil war became absolute in the exercise of power and structurally personalizing as to the mode of administration of the res publica. This paper argues that the ANU - despite the reform efforts of the current administration - is still a sounding board for regime paradoxes that foster weak scientific research and pedagogical megacephaly. More emphasis is given to a type of education that results in low production rates as found in doctoral students in the OUs analyzed.