O presente trabalho analisa, pelo viés da etnografia virtual, uma aula de química no seriado televisivo Breaking Bad (2008). A análise tem como foco de interesse discutir como a química pode ser pensada por uma ótica cultural, isto é, enxergando a ciência como resultado das relações humanas e não como um conhecimento imutável, essencializado. Nesse sentido, buscamos criar espantos com o ensino de química que emerge dentro do primeiro episódio do seriado televisivo, que aborda uma aula sobre “o que é química” e realizar desdobramentos desse episódio para um ensino que preze por alunos experimentadores e criadores de suas próprias práticas educacionais. Os resultados da etnografia virtual que realizamos, nos mostraram que a crença em uma essência universal e, também, a possibilidade que as palavras oferecem para que possamos enunciar a verdade de alguma essência, das ciências, em especial da “química”, transformam a linguagem que utilizamos em uma espécie de metafísica – átomo, energia, elétron –, constituindo a base da fabricação do conhecimento científico. A maneira como a aula de química é conduzida nesse recorte do episódio, presta reverência a uma química estratificada, que parece não se vascularizar no coletivo, nos desejos dos alunos e, portanto, o silêncio, dos discentes, pode ser uma forma de resistência.
The present work analyzes, with the virtual ethnography, a chemistry class in the television series Breaking Bad (2008). The analysis focus to discuss how chemistry can be thought by a cultural viewpoint, conceiving science, chemistry, as a result of human relations and not as an immutable, essentialized knowledge. In this sense, the idea is to create a form of spook with act of chemistry teaching portrayed in the first episode of the television show, which starts a class with "what is chemistry" and to carry out unfoldings of this episode for a teaching that celebrate students experimenters and creators of their own Educational practices. The results of our virtual ethnography have shown us that the belief in a universal essence, and also the possibility that words offer, so that we can enunciate the truth of some essence, of "chemistry", transform the language we use into a species of metaphysics - atom, energy, electron -, forming the basis of the fabrication of scientific knowledge. The way the chemistry class is conducted in this cut of the episode lends itself to a stratified chemistry that does not seem to be vascularized in the collective, in the desires of the students; however, the silence of the learners can be a form of resistance.