MUITO ALÉM DO PRECONCEITO DE TRAIÇÃO que tradicionalmente possa evocar, a tradução, no pensamento benjaminiano, ressurge excelsa, com uma função redentora. Na hipótese algo platônica e místico-religiosa da existência de uma "língua pura" (reine Sprache), imaterial, supra-sensível, da qual todas as línguas são reflexo, encontra-se a possibilidade real da tradução. Walter Benjamin, em seu famoso texto sobre tradução, A Tarefa do Tradutor, define tradução como "forma", esclarecendo-a também frente a outras definições negativas: tradução não é recepção, não é comunicação, não é imitação.