Resumo Português:
O enfrentamento do racismo institucional é um tema pertinente, mas ainda muito negligenciado. A invisibilização das vozes que denunciam os processos de desumanização nas trajetórias de estudantes negras tem silenciado muitos conflitos raciais no cotidiano escolar, em que pese as diversas manifestações nas redes sociais, nem sempre assumidas com responsabilidade por parte das instituições. Neste artigo, pretende-se explicitar e adensar o debate a respeito desta complexa questão, a partir das vivências de duas estudantes mineiras que enviaram aos seus professores cartas sobre os mecanismos do racismo no ambiente escolar. Partindo dessas cartas, pretende-se interpretar as manifestações do racismo (implícito e explícito) no cotidiano dessas estudantes. Este artigo está organizado em três sessões, a saber: 1) Contexto escolar e as narrativas recebidas; 2) Problematização do racismo na perspectiva de mulheres negras; e 3) Dilemas e possibilidades do racismo na dinâmica escolar.
Resumo Inglês:
Confronting institutional racism is a pertinent, yet very neglected issue. The invisibility of voices denouncing the processes of dehumanization in the trajectories of black students has silenced many racial conflicts in everyday school despite the various manifestations in social networks, not always assumed with responsibility by the institutions. In this article, we intend to explain and deepen the debate about this complex issue, based on the experiences of two Minas Gerais students who sent their teachers letters about the mechanisms of racism in the school environment. Starting from these letters, we intend to interpret the manifestations of racism (implicit and explicit) in the daily life of two these students. This article is organized in three sessions, namely: 1) School context and the narratives received; 2) The problematization of racism from the perspective of black women; and 3) Dilemmas and possibilities of racism in school dynamics.
Resumo Francês:
Confronter le racisme institutionnel est une question pertinente mais largement négligée. L'invisibilité des voix qui dénoncent les processus de déshumanisation des trajectoires des étudiants noirs a réduit au silence de nombreux conflits raciaux dans la vie scolaire de tous les jours, en dépit des diverses manifestations dans les réseaux sociaux, pas toujours pris en charge par les institutions. Cet article vise à clarifier et approfondir le débat sur cette question complexe, de l'expérience de deux étudiants miniers qui ont envoyé des lettres à leurs enseignants sur les mécanismes de racisme dans l'environnement scolaire. A partir de ces lettres, il est destiné à interpréter les manifestations de racisme (implicite et explicite) dans la vie quotidienne de ces étudiants. Cet article est organisé en trois sessions, à savoir: 1) le contexte scolaire et les récits reçus; 2) la problématisation du racisme du point de vue des femmes noires; et 3) les dilemmes et les possibilités de racisme dans la dynamique scolaire.