Chegamos ao ano de 2021 nos deparando com uma realidade social ainda mais precária que nos anos anteriores. A ascensão de um governo federal eminentemente desconectado com as necessidades do povo brasileiro, aliada ao combate à pandemia de um vírus que o presidente da república insiste em sabotar, nos colocam, enquanto pesquisadores, num lugar limite. Como seguir com as nossas trajetórias e jornadas enquanto o país se agrava na marafunda, na desgraça social? Como pensar a juventude, a adolescência e a infância dentro desse contexto? Será que existe algum respiro ou espaço para que a participação política desses sujeitos possa acontecer? Orientados por esse questionamento, o autor e a autora deste texto convidam a professora Lúcia Rabello de Castro para uma entrevista que tenta explorar alternativas para a situação colocada. A partir da perspectiva descolonial (Mignolo, 2008; Martins & Benzaquen, 2017), a doutora em Psicologia nos traz observações pertinentes ao processo de pesquisa participativa e nos instiga a pensar até mesmo em tal conceito - o que é “pesquisa participativa”? Ao questionar o encaixotamento das pesquisas sobre crianças, adolescentes e jovens em caixinhas disciplinares, analisa as constantes reconfigurações da atuação política juvenil e considera que “o campo da política é um campo que não se estreita e não se restringe à política com P maiúsculo”, observando que a política é “uma ação que tem a ver com possibilidades desses sujeitos contestarem, problematizarem, agirem, dentro de situações que eles julgam ser de opressão e de dominação”. A entrevista foi realizada em 03 de março de 2021 por meio de videoconferência.