Divulgação e Educação Científica Racista no Boletim de Eugenia (1929–1933): Uma Análise Crítica com Vistas a Contribuir para uma Educação em Ciências Contemporânea

Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências

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20071004
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Telefone: (84) 9998-7617
ISSN: 1984-2686
Editor Chefe: Aline Nicolli, Marcia Gorette Lima da Silva, Silvania Souza do Nascimento, Suzani Cassiani
Início Publicação: 01/01/2001
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

Divulgação e Educação Científica Racista no Boletim de Eugenia (1929–1933): Uma Análise Crítica com Vistas a Contribuir para uma Educação em Ciências Contemporânea

Ano: 2021 | Volume: 1 | Número: Não se aplica
Autores: Nivaldo Aureliano Léo Neto
Autor Correspondente: N. A. Léo Neto | [email protected]

Palavras-chave: Raça; Racismo; Relações étnico-raciais; História da Ciência

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A História, Sociologia e Filosofia das Ciências Biológicas se constituem em importantes meios pelos quais podemos analisar criticamente o processo de constituição da Educação em Ciências. No Brasil, pelo menos desde o final do século XIX, circulavam teorias científicas que enfatizavam a segregação racial a partir de uma argumentação biológica. Exemplo de uma dessas organizações científicas são as Sociedades Eugênicas e o Boletim de Eugenia, publicação impressa existente entre os anos de 1929 a 1933. A presente pesquisa parte da análise dos 42 números do Boletim de Eugenia, publicados entre os referidos anos, reconhecendo essas publicações enquanto estratégia de divulgação científica na qual se propagandeava uma educação eugênica na sociedade brasileira. A partir da análise empreendida e tendo como ferramenta analítica o conceito de Necropolítica do filósofo Achille Mbembe, foram destacados elementos discursivos com foco para os processos de racialização da população e da consequente discriminação segregativa produzida pelo elemento padronizado (pessoas consideradas “brancas”) para o desviante (pessoas negras e/ou aquelas consideradas, na linguagem utilizada à época, “pessoas de cor”). O artigo se estrutura em três seções, apresentando conceituações gerais sobre Eugenia e Eugenismo, os elementos narrativos que propunham programas curriculares de educação eugênica e o incentivo a Educação Sexual como estratégia eugênica. Se eticamente uma educação antirracista deve ser de responsabilidade de todas as áreas do conhecimento, cabe às Ciências Biológicas, entre possíveis atitudes, analisar os processos históricos que constituem suas bases epistemológicas, identificando possíveis permanências, em suas práticas cotidianas, das estruturas racistas.



Resumo Inglês:

History, Sociology and Philosophy of Biological Sciences are important ways to critically analyze the process of constitution of Science Education. At least since the end of the 19th century, scientific theories that emphasized racial segregation based on biological argumentation circulated in Brazil. One such scientific organization was the Eugenic Societies and the Bulletin of Eugenics, a publication printed from 1929 to 1933. This research starts is based on the analysis of all the 42 issues of the bulletin, recognizing these publications as a strategy of scientific dissemination of eugenic education in Brazilian society. With this analysis and using philosopher Achille Mbembe's concept of Necropolitics as an analytical tool, we investigated discursive elements on the processes of racialization of the population and the consequent segregation produced by the standardizing element (people considered “white”) against the deviant (black people and those considered, in the language used at the time, “people of color”). The article is structured in three sections, presenting general concepts about Eugenics and Eugenism, the narrative elements that proposed eugenic curriculum programs and the encouragement of Sexual Education as a eugenic strategy. If all areas of knowledge should be ethically responsible for an anti-racist education, it is up to the Biological Sciences, among possible attitudes, to analyze the historical processes that constitute their epistemological bases, identifying possible persistency of racist structures in daily practices.