Este trabalho tratou o fenômeno dos marcadores de tempos indígenas enquanto uma manifestação sociocultural, a partir do olhar dos professores de diferentes etnias indígenas do estado do Mato Grosso, acadêmicos da Faculdade Indígena Intercultural da Unemat. Esse fenômeno revela-se como um exemplo de extraordinário conhecimento que as sociedades indígenas têm de si e dos territórios que habitam, numa relação recíproca entre as pessoas e destas com o ambiente, o que traz a possibilidade de uma produção científica impregnada e legitimada por eles, que tenha como fim e como condição para validá-la o bem-estar ambiental e social. O tempo, caracterizado como resultante da construção e da expressão dos modos de vida de uma sociedade, é concebido a partir do “saber matemático” e das respostas às necessidades de transcendência espiritual e teórica dos seres humanos. O saber matemático, na perspectiva do Programa Etnomatemática, de D’Ambrosio, perpassa toda essa dinâmica de relações e acomoda em seus fundamentos a compreensão de que ambiente e sociedade fazem parte de um único e indissociável corpo de pesquisa sobre os saberes produzidos por grupos culturalmente distintos, bem como sobre o processo dinâmico de produção, organização intelectual e social e disseminação desse conhecimento, além dos processos de adaptação e reelaboração que a acompanham.
This study addressed the phenomenon of Indigenous Times Markers as a sociocultural event, from the look of indigenous teachers from different ethnia of Mato Grosso, students of the Indigenous Intercultural Faculty of Unemat. This phenomenon reveals itself as an example of extraordinary knowledge that indigenous societies have of themselves and of the territories they inhabit, in a reciprocal relationship between the people and between these people and the environment, which brings the possibility of a scientifi c production impregnated and legiti-mized by them, which has as purpose and as condition to validate it, the environmental and social welfare. The time, characterized as resulting from the construction and expression of the lifestyles of one society, is designed from the “mathematical knowledge” and from the answers the needs of theoric and spiritual transcendence of human beings. The mathematical knowledge in the Ethnomathematics Program ́s perspective (D’AMBROSIO, 2002) pervades this dynamic of relationships and accommodates in its fundamentals the understanding that environment and society are part of a single and indivisible body of research on the knowledge produced by distinct cultural groups, as well as about the dynamic process of production, intellectual and social organization, and dissemination of this knowledge, besides the processes of adaptation and re-elaboration that accompany it.