A partir da perspectiva interpretativa do conceito de cultura (Geertz) e de diferentes desdobramentos pós-coloniais da análise cultural (Bhabha; Hall; Canclini), postos em diálogo com o conceito de artes de fazer (Certeau), geram-se discussões e uma revisão crítica sobre o alcance, as limitações e os desafios da abordagem cultural para a compreensão e a construção de processos de ensinos de ciências nas periferias urbanas da América Latina. Com esse panorama projeta-se o conceito de Interculturalidade Antropofágica que, no marco das Epistemologias do Sul, complementaria a noção de Tradução Intercultural como uma dinâmica que permitiria a apropriação criteriosa e crítica dos saberes científicos ao mesmo tempo que valorizaria outros saberes, comunais, ancestrais, híbridos e populares, colocando-os em contato e/ou diálogo em função dos desejos e necessidades das populações oprimidas do Sul Global.