GALERIA DE ARTE SILAS QUEIROZ

Revista Espaço

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Telefone: (21) 2285-7546
ISSN: 25256203
Editor Chefe: Wilma Favorito
Início Publicação: 31/12/1989
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Letras, Área de Estudo: Linguística, Área de Estudo: Multidisciplinar

GALERIA DE ARTE SILAS QUEIROZ

Ano: 2022 | Volume: Especial | Número: 57
Autores: Patrícia Rezende-Curione, Rosana Grasse.
Autor Correspondente: Patrícia Rezende-Curione | [email protected]

Palavras-chave: Surdo. Arte. Comunidade surda.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A Galeria de Arte nesta edição, orientada pelo tema “A Educação que nós surdos queremos”, será dedicada ao nosso espetacular artista surdo Silas Queiroz.

A capa desta edição, que nós entendemos como uma emergência das nossas lutas vitoriosas desde 1999, foi desenhada pelo próprio artista. Vemos nela mãos segurando uma árvore com suas mãos como frutos. Nós entendemos que este desenho mostra a trajetória de frutos e vitórias desde o documento de 1999, “A Educação que nós surdos queremos”. Uma produção artística inspiradora!

O artista Silas Queiroz nasceu em Recife, em 23 de dezembro de 1948. Atualmente mora na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, onde ele gosta de admirar paisagens para inspirar suas produções. Sua escolarização ocorreu no INES e em outras escolas particulares que atendiam surdos; mas, devido a adversidades, acabou não concluindo o ensino médio regular. Ainda assim, ele fez cursos no SENAC, profissionalizando-se como designer gráfico.

A empresa Celina, uma loja de móveis onde ele atuava como designer, investiu fortemente em sua formação até que se tornasse um grande designer de móveis.

Sua paixão por artes surgiu nas brincadeiras com seu irmão mais novo, que se comunicava com ele através de desenhos. Foi assim que aflorou a veia artística, percebendo uma identificação com representações de desenhos e que não era o único surdo nessa afinidade, já que vários outros também se identificavam com produções visuais. O artista acredita que esse seja um dom natural, espontâneo, já que nunca fez curso de desenho, deixando apenas fluir a arte manifestada em sua veia.

Além dos desenhos, também descobriu artes cênicas. Quando foi ao espetáculo teatral junto com o irmão, sentiu estranheza, mas depois já participava de apresentações teatrais na escola, aos quatro anos, no teatro infantil... Desde então, nutre fortemente a paixão por teatro. Ele explica que não teve formação artística específica, como as artes plásticas, mas era só pegar lápis e papel que a criação artística se manifestava. Assim também acontece no teatro. Ávido como ele é, sempre busca conhecimentos nessa área, o que acaba expandido para decoração e cenografia. É um artista com múltiplas produções.

Silas teve atuações muito importantes no Instituto Nacional de Educação de Surdos, como professor de teatro. Teve muitas turmas, mais de mil alunos, fazendo apresentações fantásticas para a comunidade escolar do Instituto. Também teve atuação importante na TV INES nos bastidores de gravações.

Conquistou, ainda, muitas premiações significativas por sua atuação no teatro, sendo agraciado pelo Grêmio Estudantil do INES em várias ocasiões.

Ele também ama a música. Gosta de expressões poéticas e reflexivas que a música proporciona e que agem como terapia para ele. Se ele pudesse enumerar, seria assim: primeiro a música; segundo o design; terceiro o teatro. Ele atuou por longos anos na atuação como designer e teatrólogo, mas a tríade música, designer e teatro é uma fórmula de perfeição para ele.

Nosso artista considera Rosana Grasse e Alexandre Pinto como grandes parceiros no teatro, pois, trabalhando juntos, têm uma interação espetacular. Segundo ele, são os melhores atores surdos! É questão de afinidade no atuar.

Atualmente, ele está aposentado e fazendo várias obras de artes, como pinturas, desenhos, acessórios de bijuterias, enfim, todas as produções possíveis que ele sabe criar com veia artística. Sua clientela é formada em maior parte pela Comunidade Surda, mas também tem os clientes ouvintes, que apreciam muito seus trabalhos.

Enfim, a mensagem que ele deixa é:

Sou um livro aberto! Leiam-me, degustem-me... Um dia sabemos que as páginas se encerram, mas deixarei a vocês o legado desta arte!