ESTUDOS DA TRADUÇÃO E DA INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS DE SINAIS: EMERGÊNCIAS APLICADAS E TEÓRICAS

Revista Espaço

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ISSN: 25256203
Editor Chefe: Wilma Favorito
Início Publicação: 31/12/1989
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Letras, Área de Estudo: Linguística, Área de Estudo: Multidisciplinar

ESTUDOS DA TRADUÇÃO E DA INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS DE SINAIS: EMERGÊNCIAS APLICADAS E TEÓRICAS

Ano: 2021 | Volume: Especial | Número: 55
Autores: Silvana Aguiar dos Santos, Tiago Coimbra Nogueira.
Autor Correspondente: Silvana Aguiar dos Santos | [email protected]

Palavras-chave: Tradução. Interpretação. Linguas de sinais. Prática. Teoria

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

As pesquisas sobre tradução e interpretação de línguas de sinais têm contribuído profundamente para a expansão do campo dos Estudos da Tradu-ção e Estudos da Interpretação. Pensar a tradução e a interpretação, bem como seus respectivos processos tradutórios e interpretativos, a partir de distintas ba-ses teóricas e metodológicas é um desafio contemporâneo importante para a consolidação das bases teóricas e aplicadas presentes nos Estudos da Tradução e Interpretação de Línguas de Sinais.Um exemplo disso foram as diversas pesquisas apresentadas no 2º Encontro de Tradução da Universidade Federal do Rio Grande em 2020. Em destaque, as apresentações do simpósio “Estudos da tradução e da interpretação 

de línguas de sinais: emergências aplicadas e teóricas”, que ocorreu em formato online e foi proposto pelos organizadores deste dossiê. Diante da diversidade de trabalhos apresentados no ramo teórico e apli-cado, alguns dos comunicadores do simpósio apresentam aqui seus estudos. Dis-cussões que demonstram a diversidade epistêmica e metodológica dos Estudos da Tradução e Interpretação das Línguas de Sinais em oito trabalhos, cada um deles com temáticas que emergem de discussões teóricas ou aplicadas. O artigo que abre o dossiê chama-se Fundamentos teóricos e epistemológicos das Teorias Funcionalistas da Tradução: contribuições para os Estudos da Tradução e In-terpretação das Línguas de Sinais (ETILS). De autoria de Glauber de Souza Lemos e Teresa Dias Carneiro, olha para as Teorias Funcionalistas da Tradução e suas possíveis aplicações teórico-epistemológicas nos ETILS. O trabalho apresenta uma contribuição importante ao apresentar as perspectivas teóricas da escola alemã de tradução. Os autores também analisam artigos, dissertações e teses dos ETILS, com articulação teórica, metodológica e aplicada às Teorias Funciona-listas da Tradução. Observam que elas apontam uma preocupação sobre como construir um texto traduzido visualmente, abarcando os elementos multimo-dais, extratextuais e intratextuais. Uma das conclusões dos autores é que ainda faltam metodologias de pesquisa que possibilitem a descrição de traduções nas perspectivas funcionalistas. O segundo artigo, das autoras Neiva Aquino Albres, Marília Duarte Sil-va e Ana Gabriela Dutra Santo, intitula-se Revisão de tradução de Português para a Libras: revivendo a construção de sentidos à luz de uma concepção bakhtiniana de lin-guagem. No texto, as autoras descrevem os processos de revisão de tradução de Português-Libras do artigo científico intitulado Exploring Translation Theories, de autoria de Anthony Pym, publicado em 2016, no periódico Cadernos da Tradução.O trabalho apresenta uma contribuição relevante para a prática de revisão de tradução e para as formas de produção de efeitos de sentido em trabalhos com textos acadêmicos. Com base em autores dos Estudos da Tradução e Interpreta-ção e uma perspectiva dialógica da linguagem, as autoras desenvolvem um estudo de caso a partir da prática de estágio realizada na formação em Letras Libras.O terceiro texto, intitulado Audiências criminais de instrução e julgamento: implicações nas práticas profissionais dos intérpretes de Libras-Português, de autoria de Luciellen Lima Caetano Goulart e Silvana Aguiar dos Santos, discute os atos 

praticados em audiências criminais. A pergunta norteadora versa sobre os ele-mentos que os intérpretes de Libras-Português precisam saber para atuar em uma audiência criminal de instrução e julgamento. Com abordagem descritiva e qualitativa, a partir de uma pesquisa documental, reuniram como corpus um rela-to de experiência e duas atas oriundas de audiências de instrução e julgamento com presença de intérprete de Libras-Português em Santa Catarina. Os resulta-dos apresentados apontam que o conhecimento prévio sobre o que esperar de cada ato pode influenciar no processo interpretativo e oferecer maior segurança tradutória e interpretativa na tomada de decisão do profissional intérprete.O texto a seguir tem como título Uma “Virada Multimodal” nos Estudos da Tradução? de autoria de Ruan Sousa Dinize Teresa Dias Carneiro. O texto apresenta fenômenos contemporâneos que, em interface com os Estudos da Tradução, indicam uma “Virada Multimodal” na disciplina. Por meio de uma revisão bibliográfica e de uma análise documental de abordagem qualitativa e de natureza aplicada com objetivos exploratórios, os autores descrevem o que chamam de “virada multimodal”, com foco mais específico na tradução para surdos, cegos e surdocegos. O quinto artigo discute a interpretação de conferências; tem autoria de Tiago Coimbra Nogueira e Caroline Barros Weiler, Interpretação simultânea da Língua Brasileira de Sinais para o Português Brasileiro: estratégias utilizadas em uma conferência. O objetivo do artigo é realizar a discussão e análise de questões refe-rentes à interpretação simultânea da Libras para o Português Brasileiro a partir de um estudo de caso. Os autores analisam uma palestra proferida em Libras e interpretada para o português por uma intérprete em formação. A descrição apresentada levanta a discussão sobre as escolhas e estratégias realizadas pela in-térprete. Além disso, aborda também os motivos que poderiam explicar a razão pela qual os intérpretes que atuam com língua de sinais sentem-se inseguros com a interpretação para a língua oral. Os resultados apresentados na análise demonstram diversas estratégias utilizadas durante a interpretação na direção de uma língua de sinais para uma língua oral. Por fim, descrevem as estratégias, desafios e soluções empregados durante a interpretação.O sexto texto, intitulado Tradutores de língua de sinais e videoprovas: um processo de conhecimento em construção, é de autoria de Patricia Tuxi e Nara Caro-line Santos Xavier Rocha. O artigo tem como objetivo investigar a produção 

teórica acerca dos elementos necessários para o Tradutor Intérprete de Língua de Sinais elaborar, registrar e produzir videoprovas. Por meio de uma pesqui-sa bibliográfica realizam um levantamento, apresentam as produções teóricas e analisam os recursos, conhecimentos e etapas necessários para a tradução e a produção de videoprovas. Nas considerações finais, apontam para a necessidade de formação contínua de tradutores e intérpretes que atuam na área.O próximo artigo, de Sônia Marta de Oliveira, é nomeado A tradu-ção cultural como campo de estudo na formação de tradutores e intérpretes de Libras/Português”. O texto tem como objetivo discutir a tradução cultural nos cursos voltados à formação do tradutor e intérprete de Libras-Português. A autora indica uma abordagem teórica nos campos dos Estudos da Tradução (ET) e dos Estudos da Interpretação (EI), suscitando que esses campos se entrelaçam em um diálogo com a tradução cultural. Essa relação se faz necessária, visto que a língua de sinais, constituída visualmente, promove a estruturação de uma cultura em que a vivência de ser no mundo é sentida de maneiras singulares. A relação entre língua e cultura é destacada e a necessidade do tradutor não abdicar dessa convergência em sua tradução é pontuada, demonstrando, dessa maneira, a im-portância da temática na formação.O texto que fecha esse dossiê é o de Veridiane Pinto Ribeiro, intitulado Linguística cognitiva e línguas de sinais: por uma tradução visuo-corpórea-espacial. Parte da questão relativa ao modo como a teorias da Linguística Cognitiva podem contribuir para os estudos da tradução. A discussão apresentada possibilita uma reflexão sobre os processos cognitivos do tradutor-intérprete durante sua atua-ção,pontuada como intra-interlingual e semiótica. O caminho metodológico é de natureza bibliográfica, com uma análise comparativa entre os estudos da tradução e os estudos da linguística cognitiva. A autora analisa e observa pontos de convergência relacionados aos processos cognitivos da tradução e à interpre-tação entre português e Libras, os quais são explicados, na visão da autora, pelos modelos cognitivos de uma língua visuo-corpórea-espacial. Por fim, destacamos que os textos apresentados neste dossiê dialogam com o ramo teórico e aplicado, se recorrermos aos estudos e mapeamento realizados por James Holmes. Mais do que expor as diferentes metodologias e campos epistêmicos que sustentam os presentes trabalhos, pode-se observar a emergência de algumas tendências contemporâneas nas temáticas elaboradas. Ou seja, concepções de língua e de linguagem distintas atravessam os processos de tradução e interpretação, mostrando-nos que o objeto de investigação pode ser analisado a partir de diferentes formas, meios e contextos. Perscrutar pro-cessos tradutórios e interpretativos, contextos emergentes de tradução ou de interpretação, fontes documentais especializadas, métodos voltados para a au-torreflexão com base na experiência empírica nos direcionam para tendências cognitivas, sociais, jurídicas e pós-coloniais.