Este artigo apresenta as descobertas de um estudo conduzido com intérpretes Surdos e ouvintes de ASL (American Sign Language, Língua de Si-nais Americana) do Canadá e dos Estados Unidos que interpretam discursos e interações jurídicas. Esse estudo, de natureza qualitativa, foi desenhado para explorar construtos e dinâmicas de poder que emergem em interações interpretadas. Dezesseis intérpretes, com pelo menos quinze anos de experiência em interpretação jurídica, participaram de uma pesquisa online; nove também participaram de grupos focais. Esse estudo encontrou interseções entre poder e privilégio, o senso de controle dos intérpretes, sua conceitualização da tarefa de interpretar e sua formação. Participantes relataram situações em que a dinâmica de poder entre equipes de intérpretes Surdos e ouvintes não contribuía para interpretações eficazes e, em última análise, acabava tendo um impacto negativo sobre a interação. A maneira como os intérpretes conceitualizam a tarefa de interpretar parece ser um fator decisivo na produção de interpretações bem-sucedidas, em que o poder é mediado por meio da interpretação. Participantes relataram exemplos de como a conceitualização da tarefa de interpretar, por vários sujeitos de uma interação interpretada (por exemplo, o próprio indivíduo, parceiros de equipe, consumidores do serviço), tem impacto sobre sua tomada de decisão de diferentes maneiras: a qualificação para uma tarefa; como eles funcionam como parte de uma equipe de Surdos e ouvintes; e quais estratégias usam para criar interpretações significativas. Este estudo destaca que a própria consciência de poder e privilégio que o intérprete tem é um pré-requisito crucial para privilegiar tomadas de decisão ativas que facilitam uma interpretação eficaz. Este estudo tem implicações para professores de interpretação e intérpretes e, apesar de o foco ser na interpretação em contextos jurídicos, os resultados são aplicáveis a outros ambientes.
This article presents the findings of a study conducted with Deaf and hearing American Sign Language (ASL) interpreters from Canada and the United States who inter-pret legal discourse and legal interactions. This qualitative research study was designed to explore constructs of power and power dynamics that emerge in interpreted interactions. Sixteen inter-preters, with at least fifteen years of experience in legal interpreting participated in an online survey; nine also participated in focus groups. This study found intersections among power and privilege, interpreters’ sense of agency, their conceptualization of the task of interpreting, and their training. Participants reported situations where the power dynamics between Deaf and hearing interpreting teams did not support effective in-terpretation and ultimately had a negative impact on the interaction. How interpreters conceptualize the task of interpreting appears to be a key factor in producing succes-sful interpreted interactions where power is mediated via interpretation. Participants offered examples of how conceptualization of the task of interpreting by various parti-cipants in an interpreted inte-raction (e.g. self, team partner, consumers) impacts their de-cision-making in several ways: qualification for an assign-ment; how they function as a Deaf-hearing team; and, what strategies they use to create meaning-based interpretation. This study highlights that the interpreter’s own awareness of power and privilege is a crucial prerequisite to su-pport active decisionmaking that facilitates effective interpretation. This study has im-plications for interpreter edu-cators and interpreters, and while the focus is on interpre-ting in legal settings, results are applicable across settings.