O presente artigo tem como objetivo chamar a atenção para os fatores sociais conseqüentes da dinâmica de nossa sociedade capitalista, que produzem direta ou indir, tamente sofrimento psíquico e distúrbios emocionais em bebês ou crianças surdos precoces. Considerando que se vive em uma sociedade avessa à autonomia de seus indivíduos, se discutirá como pessoas que se tomam pais dessas crianças são atrapalhadas pela alienação social imposta e por profissionais tecnicistas, aumentando o impacto da surdez na família e dificultando a prática de éticas do cuidar no contato com esse filho, comprometendo assim o investimento parental do qual esse filho depende para existir psíquicamente. Para corroborar com a tese de produção social dos distúrbios
emocionais na área de surdez, serão examinadas as situações atípicas nas quais este diagnóstico não é vis-to pelo viés puramente organicista, e as suas conseqüências na relação pais-filho e no desenvolvimento deste. Afim de examinar o mais profundamente
possível as diferentes camadas deste fenômeno, evitando explicações parciais ou reducionistas, será feito uso de algumas contribuições teóricas emprestadas do materialismo dialético, da teoria crítica adorniana e da psicanálise winnicottiana.