Editorial 21

Revista Espaço

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Telefone: (21) 2285-7546
ISSN: 25256203
Editor Chefe: Wilma Favorito
Início Publicação: 31/12/1989
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Letras, Área de Estudo: Linguística, Área de Estudo: Multidisciplinar

Editorial 21

Ano: 2004 | Volume: Especial | Número: 21
Autores: Comissão Editorial
Autor Correspondente: Comissão Editorial | [email protected]

Palavras-chave: Aprendizado, Surdos

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Dentre os vários artigos apresentados nesta publicação da ESPAÇO, aque-W les que compõem a seção Debate dizem respeito, mais uma vez, à subjeti-"idade como essencial ao aprendizado e, desta feita, enfatizando, talvez de modo inédito, estudos do imaginário. Imaginário não no sentido do irreal que se opõe ao real, conforme se costumam dizer de devaneios, sonhos, crenças, mi-tos, romances, ficção. Ao invés disso, imaginário que comporta tanto uma dimensão representativa e verbalizada como uma dimensão emocional, afetiva que toca o sujeito, como nos diz, em seu artigo, Maria Cecília Sanchez Teixeira. É de fato nesse sentido que podemos pensar sobre a importância do imaginário em formações e práxis pedagógicas fundadas em territórios de "en-tre-saberes", lugares privilegiados de diálogos que atravessam várias áreas do conhecimento e de dimensões humanas, sem que nenhuma perca sua especificidade, mas caminhe, inevitavelmente, rumo a uma desejável interdisciplinaridade e a uma transdisciplinaridade, como bem aponta o artigo de Lúcia Maria Vaz Peres. Os artigos alojados na seção Debate nos convidam, então, a repensar a educação e o espaço escolar para além da base epistemológica aristotélica-cartesiana, cujos pilares repousam em postulados da identidade, da exclusão e da não-contradição, via lógica de cunho anti-tético (corpo ou mente, sujeito ou objeto). Diferente disso, as três matérias discutem um outro olhar "epistemológico" dirigido à prática pedagógica e amparado em princípios que nos possibilitam transpor fragmentações, exclusões, dicotomias e hiper-especia-lizações presentes, ainda hoje, no mundo ocidental. Afinal, merece destaque a razão sensível -um dos princípios desse outro modo de "olhar" -como sendo alternativa para captar a racionalidade dos processos simbólicos, a partir da corporeidade, para além da dicotomia sujeito/objeto, conforme bem assinala Marcos Ferreira Santos, em seu artigo. Enfim, nesses três textos somos contem-plados com uma abordagem que privilegia a inter-relação entre processos sim-bólicos e corporeidade, se estendendo ainda a reflexões pertinentes à gesticula-ção própria da pessoa surda. Por sinal, foi seguindo a trilha de estudos do imaginário que escolhemos para a seção Visitando o Acervo do INES o trabalho desenvolvido pela equipe de professores e monitores surdos, em nossa Biblioteca Infantil. Especialmente lá, é que lendas, contos infantis,folklore, sonhos e fantasias colocam em "alto relevo" a magia do aprender, cujo canto se conjuga com a racionalidade e, portanto, de lá podemos dizer ser um local de re-(en)canto! Quanto à pintura mural escolhida para a capa deste número e que faz refe-rência à embriaguez d ionisíaca, gostaríamos de explicitar que nossa intenção foi a de que servisse como possível pano-de-fundo para o estudo do imaginário, a ser entendido como algo que, se não comporta uma extremada objetividade, fragmentações e exclusões, tampouco se reduz ao pânico dionisíaco como uma análise precipitada, ingênua e preconceituosa poderia fazer crer. Em última instância, campos do imaginário dizem respeito àquilo que nos é mais huma-no: a nossa fraternidade. Certamente, se "os homens podem se 'compreender' mutuamente através do tempo, d a história e da distância das civilizações[. .. J é porque toda a espécie homo sapiens possui um patrimônio inalienável e fraterno que constitui o império do imaginário"'. Assim sendo, quem somos cada um de nós, senão o homo symbolicus de que nos fala o filósofo Emest Cassirer? Sem dúvida alguma, nas tantas outras seções da presente edição da ESPAÇO serão encontrados novos discursos também sumamente instigantes. Entende-mos que, tal qual os demais, de idêntico modo, esses outros não estarão esgo-tando respostas, ao mesmo tempo em que, seguramente, irão fomentar novas e férteis indagações. Que você -leitor e leitora -faça bom proveito!