O objetivo do estudo foi analisar como ocorre a organização da brincadeira entre mães ouvintes e filhos surdos. Como objetivos e specífico s, o estudo procurou pesquisar como a brincadeira entre mães ouvintes e filhos surdos pode ser avaliada, bem como se a avaliação da brincadeira pode ser um bom parâmetro para analisar o desenvolvimento global da criança e , por último, como a equipe que atende à criança surda pode agir em relação ao brincar e à orientação aos pais. A amostra foi construída por seis crianças portadoras de perda auditiva neurossensorial de moderada a profunda e faixas etárias variando de 1 ano e 6 meses a 4 anos e 5 meses, sendo suas mães ouvintes todas de classe cultural e sócio-econômica baixa. Cada dupla foi gravada em videocassete em três momentos, com interva-lo de seis meses entre cada gravação. Após coleta e observação dos dados, foi elaborada a avaliação específica e determinados os seguintes critérios de análises: tipo de atividade relacionada a graus de dificuldade; atenção e interesse da criança e recursos utilizados pelas mães para promover estas atitudes; negociação da orientação (condução) da brincadeira entre mãe e filho; coordenação do olhar da criança entre a mãe e o brinquedo; códigos utilizados pela dupla; possibilidade de utilização da linguagem para a criação de situações imaginárias. A análise dos protocolos permitiu concluir que: as crianças observadas sofrem atraso de linguagem; as mães ouvintes apresentaram dificuldade para brincar e se comunicar com seus filhos surdos; algumas crianças surdas não tiveram iniciativa, ou tiveram pouca, para se comunicarem com suas mães ouvintes; a utilização da LIBRAS facilitou a brincadeira e a comunicação entre mães ouvintes e filhos surdos; a coordenação do olhar da criança surda entre o interlocutor e os brinquedos foi essencial para o sucesso da brincadeira e não foi determinada apenas pelo grau da perda auditiva, mas, principalmente, pela qualidade da interação; a princípio, as mães ouvintes orientaram a brincadeira e , com o desenvolvimento, algumas crianças também puderam desempenhar este papel; a orientação aos pais permitiu que cinco das seis duplas modificassem sua forma de brincar.