Este texto tenta provocar questões que possam ampliar o entendimento sobre os discursos e as práticas tradicionais estabelecidas quanto à surdez e quanto aos surdos, bem como ultrapassar a mera oposição à visão médico-terapêutica, e, sobretudo, caminhar em direção ao reconhecimento político da surdez enquanto diferença. Parte da necessidade de reconhecer a diferença não no sentido de igualá-a à diferença de outros grupos, numa tentativa de “acabar com” a mesma - ou seja, tentando “normalizar” os surdos - nem mesmo no sentido de dizer que eles sofrem as mesmas limitações e restrições a que estão submetidos outros grupos minoritários, dominados, oprimidos, mas, firmando um “reconhecimento político” da surdez e dos surdos. Esse reconhecimento político se pode traduzir em ações que consideremos direitos dos surdos enquanto cidadãos e o reconhecimento dos múltiplos recortes de suas identidades, língua, cognição, gênero, idade, comunidade, cultura, etc. O teme reveste-se de importância crucial nos dias atuais a partir da denúncia de que as minorias surdas têm sido excluídas do direito de ter sua cidadania plenamente desenvolvida e sua diferença amplamente considerada. A importância desse assunto para a prática e a formulação de políticas públicas é imensa, principalmente pelo fato de que no Brasil há ainda um grande desconhecimento sobre a questão.
This paper tries to provoke subjects that can enlarge the understanding on the speeches and the traditional practices established in relation to the deaf ones, as well as to surpass the simple opposition to the medical-therapeutics view, and, above all, to go toward the political recognition of the deafness while difference. It begins from the need of recognizing the difference not in the sense of equaling it to the difference of another groups, in an attempt of "ending with" the same - that is to say, trying to normalize the deaf ones - not even in the sense of saying that they suffer the same limitations and restrictions that other minority, dominated, oppressed groups are submitted, but, a "political" recognition of the deaf ness and of the deaf ones. This political recognition can be translated in actions that consider the rights of the deaf ones while citizens and the recognition of the multiple faces of its identities, language, cognition, gender, age, community, culture, etc. The theme is of crucial importance nowadays, from the observation that the deaf minotities have been excluded of the right of having their citizenship fully developed and its difference thoroughly considered. The importance of that subject for the practice and the formulation os public policies is immense, mainly for the fact that in Brazil there is still a great ignorance on the subject.
