Este trabalho objetiva dirigir o olhar dos profissionais da saúde e da educação ao desenvolvimento da criança surda. Abordará a constituição da subjetividade do surdo e suas dificuldades nas suas relações, principalmente com pais que não sendo surdos podem sentir-se isolados e não receptivos às suas formas de contato. Apontará ainda a importância da comunicação verbal e não verbal, desde a comunicação precoce com a mãe à necessidade de que os pais decodifiquem suas demandas. Fala-nos dos riscos de que a criança surda desenvolva uma aparente adaptabilidade, para não frustrar seus pais. A criança experimenta estado de alerta ao mundo externo para proteger-se dos perigos que despertam suas fantasias. Procura captar do meio as expectativas a serem correspondidas: "de como deve ser", para que possa ser amada, em troca, abrirá mão de seus desejos e subjetividade. O impacto da surdez na família provoca intenso sofrimento ou uma "surdez emocional", aparece uma busca desesperada em oralizar a criança, muitas vezes à custa da saúde mental do filho. Não vêem que este poderá se desenvolver, ser autêntico e feliz, integrando surdez como parte de sua vida, de sua pessoa, independente da sua "opção lingüística". Ao final, sugerem-se implicações para o tratamento, englobando diversos aspectos: a ação preventiva, a escolarização e o tratamento propriamente dito.