ESPAÇO ABERTO: Reflexões sobre uma proposta bilíngue de atendimento aos surdos.
Revista Espaço
ESPAÇO ABERTO: Reflexões sobre uma proposta bilíngue de atendimento aos surdos.
Autor Correspondente: Sueli Caporali-Mantelatto | [email protected]
Palavras-chave: Educação de Surdos
Resumos Cadastrados
Resumo Português:
A complexa questão de propostas educacionais e terapêuticas voltadas para a pessoa surda vem provocando intensos debates,por exemplo,nas áreas da Lingúística[SOUZA(1996)]edaEducação[GÓES(1996)eSKLIAR(1997e1999)]e entre a comunidade surda[FENEIS(1999)]. Tais debates assumem a Língua de Si-nais como língua da comunidade surda e discutem diferentes modos de implementação de práticas educacionais/sociais que levem em conta a condição linguística da pessoa surda.As propostas educacionais direcionadas para o sujeito surdo têm como objetivo proporcionar o desenvolvimento pleno de suas capacidades,contudo,diferentes práticas pedagógicas apresentam uma série de limitações que acabam não garantindo aos surdos,ao final da escolarização fundamental(que não é alcançada por muitos),a competência de ler e escrever satisfatoriamente ou adquirir um domínio adequado dos conteúdos acadêmicos.Estas questões têm sido descritas por muitos pesquisadores que,preocupados com a realidade escolar do surdo no Brasil,procuram identificar os principais problemas educacionais desses alunos[FER-NANDES(1989);MÉLO(1995)e*TRENCHE(1995)]e apontar caminhos possíveis para superá-los[GÓES(1996)eLACERDA(1996)].A atual política nacional de educação preconiza a educação inclusiva,ou seja,aquela em que a escola deve se organizar para.atender ato dos os educandos,*incluindo os portadores de necessidades especiais. Essa política está expressa na Declaração de Sala-manca(1994),resultado de uma conferência internacional realizada*emSalamanca(Espanha) em junho*de1994,contando com a presença-da UNESCO e de representações governamentais de diversos países. eescreversatisfatoriamenteouadquirirumdomínioadequadodosconteúdosacadêmicos.Estasquestõestêmsidodescritaspormuitospesquisadoresque,preo-cupadoscomarealidadeescolardosurdonoBrasil,procuramidentificarosprincipaisproblemaseducacionaisdessesalunos[FER-NANDES(1989);MÉLO(1995)e*TRENCHE(1995)]eapontarcami-nhospossíveisparasuperá-los[GÓES(1996)eLACERDA(1996)].Aatualpolíticanacionaldeeducaçãopreconizaaeducaçãoinclusiva,ouseja,aquelaemqueaescoladeveseorganizarpara.atenderatodososeducandos,*incluindoosportadoresdeneces-*sidadesespeciais.Essapolíticaestá-expressanaDeclaraçãodeSala-manca(1994),resultadodeumaconferênciainternacionalrealizada*emSalamanca(Espanha)emjunho*de1994,contandocomapresença-daUNESCOederepresentaçõesgovernamentaisdediversospaíses.
Oobjetivobásicodessadeclaraçãofoipromoveraeducaçãoparatodos[PERLINeQUADROS(1997)],dandosubsídiosa discussõesqueconfrontamaeducaçãoinclusivaeaeducaçãoespecialnoatendimen-toàspessoascomnecessidadesespeciais.DeacordocomPenteado(2000),aDeclaraçãodeSalamancareafirmaodireitodetodasascri-ançasàeducação,talcomosusten-tadonaDeclaraçãoUniversaldosDireitosHumanos,contrapondo-seaocertoautoritarismodosespecia-listas(p.9),quetêm,atravésdahis-tória,decididoosdestinosdaspes-soascomnecessidadesespeciais,desconsiderandoossaberesdasmesmasnasalternativaspropostas.ADeclaraçãodeSalamancadáên-faseaodireitodaspessoascomne-cessidadesespeciaisparticiparemdosrumosdesuaeducação,as-pectoquenãoestásendodevida-menteconsideradonoatualmovi-mentodeinclusão.Durantemuitasdécadasotra-balhoeducacionalvoltadoparaaspessoassurdas,pautadonosprin-cípiosdooralismo[GOLDFELD(1997)],nãoconsiderouessedirei-todeparticipaçãodestaspessoasdesdeoseuinício,noIICongres-sodeSurdos,emMilão,1880.Co-mojáéconhecido,nessecongres-soovotodossurdosfoides-consideradonoprocesso,levan-do-os,em1889naFrança,aacu-saremosouvintesdeelegerem,paraeles,umalínguaquenãoeraadeles[MÉLO(1995)].SegundoGoldfeld(1997),aperspectivadooralismodesconsideraomundodossurdosporqueoingressonomundoouvinteéatarefamaisimportante,istoé,ensinarosurdoafalaréoprincipalobjetivoedu-cacional,natentativadeapro-ximá-lodanormalidade,doouvin-te(omodeloideal).Asexperiênciasemeducaçãoespecial,nooralismo,nãotêmmostradoresultadosacadêmicossatisfatórios.Amaiorpartedossurdosprofundos,porexemplo,nãoapresentaumafalasocialmen-teinteligívele,emgeral,ode-senvolvimentoalcançadoéparcialetardioemrelaçãoàaquisiçãodefalaapresentadapelosouvintes,implicandonoatrasodode-senvolvimentoglobalsignifica-tivo.Somadasaisso,estãoasdifi-culdadesligadasàaprendizagemdaleituraedaescrita,sempretardia,cheiadeproblemas,mos-trandosujeitosmuitasvezes,apenasparcialmentealfabeti-zadosapósanosdeescolarização.Algunsestudos[FERNANDES (1989),JOHNSON,LIDDELL,eERTING(1991)],desenvolvidosemdiferentesrealidades,apon-tamessesproblemaseacabamrevelandosempreomesmocenário:sujeitospoucoprepa-radosparaoconvíviosocial,comsériasdificuldadesdecomuni-cação,sejaoralouescrita.Omodelodeensinoprevale-cente,comoapontaMarchesi(1995),écriado,exclusivamenteparaosouvintes,exigindoqueacriançacomsurdezseadaptetotalmenteaele.Naoutrapropostautilizadanaeducaçãodossurdos,aComuni-caçãoTotal,tambémpermaneceoalijamentodomododeviverdossurdosporqueoprincipalobje-tivoeducacional,comonooralis-mo,éensinaralínguamajoritária(escritaefalada)aosestudantessurdos.Alínguamajoritáriaévistacomoocaminhoparaaintegra-ção/inclusãodosmesmosnaco-munidadeouvinte[MARCHESI(1995)eMÉLO(1995)],sendo estaintegração/inclusãooobjetivomaisimportanteaseralcançado.Omodeloeducacional,nessecaso,emboraconsidereamaneiradesecomunicardascriançassur-das,privilegiaosrecursoscomuni-cativosparadaracessoaoutrasáreascurriculares[MÉLO(1995)eGOLDFELD(1997)],organiza-dasvisandoapenasoouvinte.AComunicaçãoTotal,emborasecaracterizecomoumafilosofiamenoslimitadaqueooralismo,apresentaversõesdecomuni-caçãomuitovariadas,inclusivedopontodevistateórico.Porexem-plo,hádivergênciasentreospes-quisadores,nocasodeumadasvertentesmaisutilizadasdaComunicaçãoTotal,seossinaisjuntoscomafala(bimodalismo)constituemduasmodalidadesdamesmalíngua[STEWART(1993)]ouseestãocompostosapartirdeumalínguafaladaeumaLínguadeSinais[GÓES(1996)].Adicionalmente,aliteraturatemapontadocríticasaousoda ComunicaçãoTotal[FERREIRABRITO(1993)eGOLDFELD(1997)],principalmentequantoautilizarrecursosartificiaisnacomuni-cação(provenientesdalínguamajoritáriaedecódigosfamiliaresparticulares)queresultamemdificuldadesdecomunicaçãoentresurdos,dedesenvolvimentodeidentidadecomosseusparese,consequentemente,deingressonomundodossurdos.AComu-nicaçãoTotal,usandoconjunta-menteafalae ossinaiseaestru-turadalínguamajoritária,difi-cultaoempregoadequadoeopensarnalínguaqueacomuni-dadesurdareconhececomoadela,aLínguadeSinais.Skliar(1997)pontuaqueaeducaçãoparasurdoséumpro-blemaeducacional,comotambémsãoproblemaseducacionaisaque-xlesrelacionadosàeducaçãodapopulaçãorural,dasclassespopu-lares,dascriançasderua,dosindí-genas,dosimigrantes,dasminoriasraciaisereligiosas;dasdiferençasdegênero,dosadultos,dospresi-diários,daterceiraidade,dosque estãoemprocessodealfabetização;afinal,dosgruposqueformamasminoriassociaiseporvezeslingúís-ticas,minoriasestasquesofremumaexclusãosemelhantenosprocessoseducacionaiscultural-mentesignificativos.Devidoàsdificuldades,jámen-cionadas,daspropostasante-rioresnoatendimentoaosujeitosurdoe,principalmente,apósosestudosprovenientesdaLínguadeSinais,iniciou-seumadiscus-são,naúltimadécada,sobreaimportânciadessalínguanaedu-caçãodossurdos.SegundoSkliar(1997),essaéumanovapropostadenominadaeducaçãobilíngue,aqualseorganizapelaadesãodamaioriadascomunidadesdesurdoseporumapartedeedu-cadoresouvintes,buscandosu-perar,comoditoanteriormente,ummodelodeensinoorganizadoparaouvintesqueexigeadapta-çãodacriançasurda.Apropostabilíngienasce,superandomuitasdasdificulda-desprovenientesdosantigosehíbridosplanoseducacionaisecontacomaparticipaçãodeinves-tigadorescomprometidoscomoprocessodetransformaçãosocial[SKLIAR(1997)].Estenovoolharparaossurdoséamplamenteapoiadopelacomunidadedesurdosepressu-põeoreconhecimentoaodireitodeexpressãoemLínguadeSinais,pontocentralparaodesenvol-vimentodosprocessosdeidentifi-caçãopessoal,socialeculturaldapessoasurda.Estapropostaprivile-giaorespeitoeoreconhecimentodasingularidadeeespecificidadehumanas[SKLIAR(1997)].Naperspectivabilíngie,aLínguadeSinaiséconsideradaapri-meiralínguadosurdoealínguaescritae/ouoral,dacomunidadeaqualpertence(línguamajoritária),asegunda.Aaprendizagemdalínguadogrupomajoritário,namodalidadeorale/ouescrita,irápermitiraintegraçãodosurdoàcomunidadeouvinte.Asexperiênciascomeducaçãobilíngueaindasãorecentes.Poucospaísestêmessesistemaimplantadohá,pelomenos,dezanos.Aaplicaçãodomodelodeeducaçãobilínguenãoésimples,exigindoformaçãoadequadadosprofissionais,vontadepolíticadasinstituiçõesenvolvidas,presençadeinstrutorsurdoespecializadoetc.Osprojetosjárealizadosemdiversaspartesdomundo(comoSuécia,EstadosUnidosdaAmé-rica,VenezuelaeUruguai)têmprincípiossemelhantes,massediferenciamemalgunsaspectos.Aparticipaçãodeprofessoressurdosévistacomonecessáriaparaamaioriadasequipesdeim-plementação,mastaisrecursoshumanosestãopoucodispo-níveis.Poroutrolado,oprofessorouvinte,pornãoserusuáriodaLínguadeSinais,dificilmentepo-deráutilizá-lacomoalínguavivadacomunidadesurda,promo-vendoaapropriaçãoeoaprendi-zado,adequado,damesma.Esselimitedoprofessorouvintepodeacabarcomprometendo,signifi-cativamente,osprocessosdedesenvolvimentoedeaprendi-zagemdossurdosedesuasfa-mílias.Outrasvezes,propõe-sequeoensinosejaministradoporumprofessorouvinte,compe-tentenoconteúdoaexpressar,comapresençadeumintérpretedeLínguadeSinaissinalizando,simultaneamente,demaneiraapossibilitaraosurdooacessoaoconhecimento.Adicionalmente,algumaspropostasindicamumapassagemdaLínguadeSinaisdiretamenteparaalínguaescrita,entendendoquealínguaoralémuitodifícilparaosurdo,alémdeser“anti-natural”.Algunspaísesdãoapoioàeducaçãobilíngue,comoaDinamarcae aSuécia,assegurando,potlei,odireitodaspessoassurdasàLínguadeSinais;emoutros,osprojetostêmsidodesenvolvidos,muitasvezes,semqualquerapoiogovernamental,comoéocasodoBrasil.Emcadaumdaquelespaíses,osestudossobresuaslínguasdesinaisestãomaisoumenosavan-çadose,apenasemalgunsdeles,estãobastantedesenvolvidos.NosEUA,porexemplo,aLínguaAme-ricanadeSinaisébastanteconhe-cida,talvezamaisestudadaatéhoje.Entretanto,aspráticasdeeducaçãobilíngienãosãopreva-lecenteslá,indicandoqueode-senvolvimentodoconhecimentoacadêmicosobreaslínguasdesinaisnãoésuficienteparasuaefetivainserçãonoatendimentoeducacional.Emoutrospaíses,taisestudossãoaindainiciais,comoéocasodoBrasil.Aquiencontram-sees-cassosestudossobreaLínguaBrasileiradeSinais,váriosaindaemandamento,conformeapontaBrito(1995).Estesestudos,emcontrapartida,têmauxiliadomui-tíssimoaquelesquebuscamde-senvolverpráticasdeeducaçãobilíngiie.Taispráticasremetemaumuniversoamplodequestões,aindapoucoexplorado,quepare-ceapresentarváriosproblemas'e,aomesmotempo,apontarparaformasdeatendimentomaisadequadasàspessoassurdas.
Frentearealidadeeducacionalconsideradaenatentativadeabrirnovoscaminhosnaeducaçãodesurdos,assegurandoapartici-paçãoefetivadessaspessoasnoprocessoeducacional,foipro-postoummodelodeeducaçãobilíngiecomoumserviçodeextensãoàcomunidadenaUni-versidadedeRibeirãoPreto(UNAERP),apartirde1998,con-figurando-secomoumnúcleodeatendimento.Oscoordenadoresdessenúcleo(pedagogos,fonoau-diólogos,psicólogoseestudantesuniversitáriosnasreferidasáreas)compõemumaequipeinterdis-ciplinar.Paraviabilizarapropostabilíngie,foiincorporadoàestaequipeumadultosurdofluenteemLIBRASeoralizado(bilíngue)comoinstrutor.Osobjetivosdessenúcleodeatendimentosão:1.caracterizarapopulaçãoaten-dida;2.propiciarocontatodecriançaseadolescentessurdoscomaLIBRASecomculturasurda,porintermédiodoadultosurdosinalizador,permitindoodesenvolvimentodalingua-gem;3.realizaratividadesdenaturezapedagógicaemgrupo,comauxíliodainformática,afimdedesenvolverashabilidadesdeleituraeescritadacriançaedoadolescente;4.propiciaroaprendizadodalínguaoralpormeiodeaten-dimentofonoaudiológico,emgrupoouindividualapoiarafamíliadesurdos,abrindoespaçoparadiscus-sõessobreasurdezeculturasurda,eparaoaprendizadodeLIBRAS;e,6.garantiraparticipaçãodoins-trutorsurdoemtodasasins-tânciasdeatividadedonúcleo,buscandodelinearummo-deloeducacionalafinadocomaculturasurda.Participamdonúcleodeaten-dimento69surdos,quefrequen-taminstituiçãoespecial,classesespeciais,salasderecursosouclassesdeensinoregulardasre-desmunicipaiseestaduaisdaci-dadedeRibeirãoPretoeregião.Osalunosforamsubdivididosemseisgrupos,conformeaescola-ridadeeodesenvolvimentoNoatendimentoaospais,oinstrutorsurdo,alémdeensinarLIBRAS,tempermitidooconheci-mentodomododeviverdossur-dos,apontandonovaspossibilida-desparaavidadessaspessoasetornandoasexpectativasmaisreais.Oatendimentofonoaudioló-gicoindividualeouemgrupo,érealizadopordiscentesdocursodefonoaudiologia,supervisiona-dospordocentesvinculadosaoprojeto,visandoodesenvolvi-mentodoPortuguêsnamodalida-deorale/ouescritaedashabili-dadesauditivas.Alémdesseaten-dimento,oserviçocontacomumsuportedaClinicaFonoaudio-lógicadaUniversidade,naáreadeAudiologia,realizandoexamesau-ditivos,confecção de molde se avaliação dos aparelhos auditivos utilizados pelos usuários do serviço.A atuação do instrutor surdo está presente nas seguintes ações educacionais:1.desenvolvera tividades junto às crianças,visando a apropriação da Língua de Sinais por meio do estabelecimento de diálogo sem períodos sistema-ticamenteprogramados;2.auxiliarasatividadesdopeda-gogo,emsaladeaula.3.juntocomosdemaismembrosdaequipe,avaliar,modificareproporestratégiasdeensino,considerandoelementosdaculturasurda.4.ensinarLIBRASaospais,soborientaçãodaequipedecoor-denação,principalmentequantoaosprocedimentosdeensinoempregados.Oserviçoassimestruturadotemseconfiguradocomorefe-rêncianoatendimentoedu-cacionaldesurdos,porque,nacidadeeregião,éoúnicocomca-racterísticasdeumapropostabilíngue,comgrupodeapoioapais(orientaçãoeensinodeLIBRAS),ensinodoPortuguêsescritopormeiodosrecursosdainformáticae/ouensinodoPortuguêsfalado.Emcurtoprazo,houveumaumentosignificativonademandadeatendimento:dos25alunosiniciais,oserviçoabsorveuaté60usuários,em1999.Quantoaimportânciadaparticipaçãodoinstrutorsurdonaeducaçãodascrianças.Ele,aoensinaralínguadacomunidadesurda(LIBRAS),asseguraaidentidadeeaculturasurdas,quesãotransmitidasnaturalmente.Outras atividades de desen-volvimento de linguagem,em conjunto como instrutor,foram muito estimulantes para os alunos,facilitando a aquisição de conceito sem LIBRAS e emPortuguês,principalmente pela possibilidade de esclarecimentos,emLIBRAS,de dúvidas referentes a conceitos de Português.Fora do atendimento educacional,ouseja,em situações devida diária,percebe-se uma ampliação no uso de LIBRAS entre as crianças e adolescentes surdos,em situações de conversa espon-tânea,significando um ganho n na comunicação dentro e fora do atendimento,istoé,com a família,com surdos e com a comunidade ouvinte.Paulatinamente,os gestos próprios(domésticos)vão sendo substituídos pela LIBRAS,permitindo o desenvolvimento ingúístico cognitivo mais adequado(ouseja,a apropriação deu malíngua propriamente dita),auxiliando a aprendizagem da segunda língua na modalidade escrita e o u oral.O trabalho de informática tempo ssibilita do muitas situações de aprendizagem,sendo uma fer-ramenta interessante para aquisição da leitura e escrita,principalmente pelo apoio visual,muito atraente para as crianças e a do-lescentes surdos.A presença do instrutor surdo,se expressando em LIBRAS,tem favorecido a aprendizagem das habilidades em informática e das exigidas no desenvolvimento dos softwares educativos.Alémdisso,o instrutor surdo tem,sistematicamente,comparado a sintaxe do Portu-guêse de LIBRAS para as crianças e adolescentes,facilitando a es-critadoPortuguês.Ogrupo de apoio aos pais tem contado com a participação e fetivadas famílias e abertoum espaço para discussão sobre a surdez e suas repercussões.O ensino de LIBRAS tem possibilitado um avanço na comunicação entre pais ouvintes e filhos surdos,promovendo,também paulatinamente,a aceitação da moda-lidadede comunicação de crianas e adolescentes surdos.Algumas atividades do serviço e do instrutor surdo têm sido selecionadas para vídeo,gravação ou registros,gerando um banco de dados para diferentes estudos.Sãoeles:Aquisição/apropriação de LIBRAS pelas crianças e adoles-centes.O objetivo deste estudo é conhecer como viabilizar o acesso adequado,das pessoas surdas,à LIBRAS;quando este acesso é mediado por adulto surdos inalizador,trabalhando como instrutor de LIBRAS.O estudo tem buscado descreveras estratégias de trabalho com LIBRAS mais eficazes para a aquisição da mesma.Aqui,éimportante ressaltar que os processos de aquisição de LIBRAS,de crianças e adultos,parecem ser diferentes,considerando as experiências individuais e o contexto social de cada um,reafirmando as discussões de Behares(1987).Nessa perspecti-va,tem sido oportunor efletir sobre os procedimentos mais adequados para o contato em cada faixa etária(grupos de crianças de três a sete anos e de oito a doze anos;grupos de adolescentes e d de adultos).O principal interesse,nesse caso,tem sido as interações ocorridas neste espaço de aquisição de Língua de Sinais,especial-menteasinteraçõesinstrutorsurdo/participantessurdos.EnsinodeLínguadeSinaisaouvintes(família,equipedecoordenadoreseestagiários)OobjetivodesseestudoéproporeavaliarprocedimentoseestratégiasparapropiciaracessoadequadoaLIBRAS,àsfamíliasdepessoassurdase/ououvintesin-tegrantesdaequipe(profissionaiseestagiários).Aquitêmsidodiscutidosprocedimentosees-tratégiasdeensinocomoinstru-torsurdo,visandoaperfeiçoaroprocessodeensino-aprendizagemdeLIBRASapessoasouvintes.Aquestãoprincipal,desseestudo,éconhecereimplementarascondiçõesmaisadequadasparaaaprendizagemdeLIBRASporouvintes,osquaisjápossuemcomoprimeiralínguaoPortu-guês,escritoefalado.3.AprendizagemdaLínguaPortuguesaescrita.OobjetivodesseestudoépropiciaroaprendizadodaLín-guaPortuguesaaalunossurdos,partindodaLIBRAS,sendo essa aprendizagem ministrada por pedagogo,com auxílio do instrutor surdo.O interesse é pro-por e avaliar procedimentos eestratégias que auxiliam na aquisição do Português escrito pela criança surda,sendo esta satividades analisadas e planejadas pelos integrantes da equipe,incluindo o instrutor surdo.Pretende-seconhecer,também,comoodomíniodaLínguadeSinaisfavoreceacompreensãodeconceitosepossibilitaaapren-dizagemdaleituraeescritaemPortuguês.NascondiçõesdeensinodaleituraeescritadoPortuguêstem-seutilizadoosrecursosdainfor-mática,e,nessecaso,oestudopre-tende,adicionalmente,sabercomooauxíliodainformáticacon-tribuiparaoprocessoensino-aprendizagemdacriançasurda.4.Desenvolvimentodoproces-so grupaldepaisEsteestudotemcomoobjetivodescreverodesenvolvimentodosgruposdeorientaçãoa pais,dentrodeumatendimentoeducacionalbilíngiieaalunossurdos.ComoascriançaseospaistêmcontatocominstrutorsurdoadultoedelerecebemaulasdeLínguadeSinaiseinformaçõessobreaculturasurda,umadasvertentesdesseestudoéconhecercomoospaistêmpercebidoessescontatoseseosmesmosostêmauxiliado.Alémdisso,oestudobuscacompreendercomoasfamíliaspercebemosdepoi-mentosdosurdoadulto,ares-peitodeacontecimentossignifica-tivosdesuavidaedesuaspossi-bilidadesreaisdeparticipaçãonacomunidade.Ogrupodeorientaçãotemoferecidoaoportunidadedospaisseconheceremedeancoraremesclarecimentossobreasurdezesuarepresentaçãosocial.Adicio-nalmente,têmdiscutidoaLínguadeSinaiscomomeionaturaldecomunicação,instrumentodopensamentodossurdosedeingressoaoseumundo.Alémdisso,buscavalorizaraapren-dizagemdoPortuguêsescritoefalado,comoo caminhoaomun-do doouvintee àparticipaçãoativanasociedade.Essasorientaçõesnogrupobuscam,emúltimains-tância,facilitarasinteraçõescomu-nicativasesociaisfamília-criançasurda,comamediaçãodeinstrutorsurdo,dedepoimentosdeadultossurdosede aprendizagemdaLín-guadeSinais.Onúcleodeatendimentocontacomaparticipaçãodealu-nosdaUniversidadedoscursosdePsicologiaeFonoaudiologia,narealizaçãodasatividadespeda-gógicas,ensinodeLIBRAS,aten-dimentofonoaudiológicoegrupodepais.Osalunosfazemleituraspertinentesasuaatuaçãodentrodoatendimento,auxiliamnacoletadedados,realizamanam-nese,videogravaçãodasintera-çõeseaulasemLIBRASeregistrosistemáticodogrupodeorien-taçãoaospais.Àparticipaçãodoaluno,nasreuniõesgerais,per-mitequeomesmopossavivenciararelaçãointerdisciplinarentreosdiversosdocenteseprofissionaisqueparticipamdoprojeto,conhe-cendoaatuaçãodecadaumadasáreasemquestãoeaprendendoadiscutirearespeitarprofissionaisdeáreasafinseoinstrutorsurdo.Ocontatoqueosestudantesuniversitáriosestabelecemcomosurdoadultopossibilitaumavisãomaisrealísticadasurdez,impe-dindocaracterizá-lacomoumapatologia.Onúcleodeatendimentopodesercaracterizadocomoenvolvendo:docência,extensãoepesquisa,comtaisaspectosarticuladosdesdeoseuinício.Assimconfigurado,tempropor-cionadoumaampladiscussãosobreváriosaspectosdasurdez:aapropriaçãoeoensinodeLIBRAS,para surdos e ouvintes,respectivamente;ensino de leitura e escrita para o surdo;O papel da fonoaudiologia n aabordagem bilíngie;o trabalho com as famílias,e,a participação do instrutor surdo em todas essas instâncias.É importante lembrar,entretanto,que a nossa experiência ain-da é recente na construção d e uma prática bilíngie.Além disso,este núcleo de atendimento vem sendo desenvolvido,dentro de uma instituição de ensino superior privada,portanto,relativamenteindependentedepolíticaseduca-cionaisestadualemunicipal.Comotodapropostaemconstrução,hánecessidadedeaperfeiçoamentoemváriosdeseusaspectos,noentanto,jáépossívelpercebê-lacomoocami-nhomaisapropriadoparaaeducaçãodossurdos.ÀmedidaquesevalorizaaLínguadeSinaiscomopontocentraldaproposta
educacionaleaparticipaçãointensadoinstrutorsurdoemtodasassuasfrentesdeatuação,sefavoreceaconstruçãodaiden-tidadesurdadosalunoseofortalecimentodacomunidadeedesuacultura.Temoscertezadequehámuitoparasefazernoaper-feiçoamentodeumapropostabilíngúe,principalmentequantoàelaboraçãodeumapropostadeensino,articuladaconjuntamentecomossurdos,paraaapropriaçãodesenvolvido,dentrodeumainstituiçãodeensinosuperiorprivada,portanto,relativamenteindependentedepolíticaseduca-cionaisestadualemunicipal.Como toda proposta em construção,há necessidade de aperfeiçoamento em vários de seus aspectos,no entanto,já é possívelpercebê-la como o caminho mais apropriado para a educação dos surdos.À medida que se valoriza a Língua de Sinais como ponto central da proposta .atendimentoeaprendizagemdoPortuguêsnasmodalidadesescri-taeoral,equantoàsuaarticulaçãocomasredespúblicas,destacomunidadeeregião.Adicionalmente,é preciso organizar mais propostas desta natureza para viabilizar trocas de experiência e produção de conhecimento,possibilitando o aperfeiçoamento recíproco,entre equipes de profissionais e membros da comunidade surda.