Leandro Elis Rodrigues,29anos,começou seus estudos no INES aos nove anos.Contudo,seu aprendizado teve início numa escola municipal passando dois meses na Associação de Assistência à criança surda,em Vila Isabel.Em Marechal Hermes,na Escola Municipal Carneiro Felipe,estudou com outras crianças surdas dentro do currículo regular.Sua quarta experiência escolar foi no INES,onde ingressou no CA,terminando seu aprendizado no ensino médio.Paralelamente ingressou no ensino médio no Colégio Estadual João Alfredo não terminando o curso nesta escola e sim no INES. Como se deu seu caminhar profissional no INES? R: Tenho seis anosde experiência de trabalho no INES.Eu trabalhava como assistente de aluno em 1994,depois fui convidado pela diretora do Departamento Pedagógico,Sílvia Maria Pedreira,para fazer estágio na biblioteca como monitor Nelson Pimenta.Na Biblioteca Infantil e Juvenil conheci as primeiras histórias que,enquanto criança,não dava valor porque não entendia o quanto elas ensinavam e como eram divertidas. Sabemos que você tem viajado pelo Brasil prestando Assistência Técnica, falando sobre o trabalho desenvolvido na Biblioteca Infantil. Antes você trabalhava como quê? R: Aproveitando meus conhecimentos adquiridos no curso realizado aqui no INES, na gráfica,fui trabalhar na Polícia Civil,na gráfica de lá. Minha segunda experiência de trabalho foi no Instituto Félix Pacheco como arquivista de documentos.Trabalhei também numa fábrica de confecção de sacolas,em Jacarepaguá,durante três meses,vindo em seguida trabalhar no Instituto como inspetor de alunos.Na época em que comecei a trabalhar na Biblioteca Infantil,as professoras Ana Vargase Eliane Martins foram de fundamental importância para que eu aprendesse com ela so desenvolvimento de um trabalhode incentivo à leitura para crianças surdas.Atualmente,continuo este trabalho na Biblioteca Infantil,com alunos do pré-escolar,alfabetização e 1º série,o trabalho se dá da seguinte forma:com o apoio dos professores ouvintes escolhemos a história,eu leio e depois destacamos os pontos importantes,os personagens e suas características,sentimentos,cunho moral,se houver.Conto as histórias em LIBRAS;faço a dramatização com as crianças;brincamos fazendo trocas de personagens etc.Para sistematizar a Língua de Sinais,discutimos a história perguntando e respondendo,assim:de que gostou?De que não gostou?Como eramos per-sonagens?E daí cada aluno conta a história para finalizar. Como foi a aceitação das crianças em relação a você?R: No início,foi difícil a aceitação da minha presença,por parte das crianças na sala de leitura.A professora explicava que eu era surdo igual às crianças surdas e podia ajudar com LIBRAS.Daí,começaram a ficar mais atentos,mais interessados em entender e mais perguntadores,querendo ex-plicações.Pude concluir como as crianças surdas,por causa da falta de um ensino em LIBRAS,perdem muito em relação às crianças ouvintes,principalmente os conhecimentos iniciais,os sentimentos,as no-ções de certo e errado,bem e mal,alegria e tristeza,fantasia e realidade.Por isso é importante o uso de LIBRAS,nesse contato com a cultura literária,desde as séries iniciais. Fale um pouco da sua experiência com as viagens de Assistência Técnica que tem feito a convite do DDHCT.R: Gosto muito.Tenho a possibilidade de mostrar que o surdo é capaz de disseminar este tipo de atividade,tornando-se uma pessoa integrada dentro do processo de aprendizagem de outro surdo;sem contar com a integração surdo-ouvinte no trabalho para o crescimento pessoal de ambos. Qual a sua maior dificuldade durante as viagens?R: Somente no início tive dificuldades por não ter experiência nesse tipo de trabalho;também criei expectativas de como seria a receptividade sobre o mesmo,o que me trouxe um pouco de angústia.Para os trabalhos subsequentes realizei planejamentos ficando mais seguro ao relatar minhas atividades profissionais. Quais as cidades em que você já prestou AssistênciaTécnica?R: CaboFrio e Campos(RJ);Paulista(PE)e JoãoPessoa (PB). Gostaria de deixar uma mensagem sobre o trabalho desenvolvido?R: Esse trabalho foi muito importante para minha vida pessoal,porque aprendi o quanto as histórias infantis aconselham,divertem e ajudam no desenvolvimento das crianças,além de permitir em sua disseminação futura através de nossos filhos.Isto é uma valiosa herança.